As chances de haver vida alienígena diminuíram, de acordo com um novo estudo que analisa a misteriosa energia escura
Durante 60 anos, astrônomos usaram a equação de Drake para investigar a probabilidade de vida inteligente evoluir em outras partes do Universo.
Agora, pesquisadores desenvolveram um novo método para examinar a questão observando uma das propriedades fundamentais do nosso Universo: a fração de energia escura que ele contém.
Revisitando a equação de Drake
Criada pelo Dr. Frank Drake na década de 1960, a equação de Drake tenta calcular o número de espécies inteligentes e tecnologicamente avançadas no Universo observável.
Ele usa vários fatores para calcular o número de planetas habitáveis no Universo e a probabilidade desses planetas criarem civilizações avançadas.
Mas como muitas dessas quantidades são atualmente imensuráveis, ela acaba sendo mais um ponto de discussão do que uma ferramenta científica viável de verdade.
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Dr. Frank Drake ao lado de um vitral com a "Mensagem de Arecibo" em sua casa em Aptos, Califórnia, 27 de fevereiro de 2015. Foto de Ramin Rahimian para o The Washington Post via Getty Images |
A energia escura seria a resposta?
Em vez disso, o estudo analisou a probabilidade de estrelas e planetas — considerados precursores vitais para a vida — se formarem em um universo com uma certa quantidade de energia escura, examinando como a formação de estrelas mudava se a fração de energia escura mudasse.
Energia escura é a substância misteriosa que, teoricamente, acelera a expansão do Universo e acredita-se que componha cerca de 70% do nosso Universo.
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Energia escura é o nome dado à força que acelera a expansão do Universo. Poderia ela nos dizer quão provável é que a vida tenha surgido em outro lugar do Universo? Crédito: Hubble/NASA |
Daniele Sorini, da Universidade de Durham, que liderou o estudo, disse o seguinte a respeito:
Compreender a energia escura e o impacto dela em nosso Universo é um dos maiores desafios da cosmologia e da física fundamental. Os parâmetros que governam nosso Universo, incluindo a densidade da energia escura, podem explicar nossa própria existência.
Muita ou pouca energia escura mudaria a capacidade do Universo de formar estrutura e, assim, alteraria o número de estrelas produzidas.
O estudo descobriu que, no melhor cenário, a energia escura permitiu que 27% do gás formasse estrelas.
Nosso Universo converte cerca de 23%, o que significa que não vivemos em um universo com as maiores chances de formar vida inteligente, sugerindo que pode haver outros ingredientes especiais que permitiram que a vida florescesse pelo menos uma vez.
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Talvez a vida na Terra seja única, afinal. Crédito: maxwellcitizenkepler / Getty |
Uma receita para um universo
Palavras: Chris Lintott
Gostaríamos de ser capazes de explicar por que nosso Universo tem a receita que tem, por que ele tem essa combinação de matéria e energia escura agitada da maneira certa para criar o cosmos em que vivemos.
É tentador recorrer a argumentos antrópicos – a ideia de que o Universo é do jeito que é porque, do contrário, não estaríamos aqui para vê-lo.
Isso explica por que não vemos um valor de energia escura que seja, por exemplo, um milhão de vezes maior do que o que vemos.
Um Universo assim se expandiria rápido demais para que estrelas ou planetas se formassem.
Mas o que esse trabalho mostra é que poderíamos existir alegremente em um universo com uma ampla gama de valores para energia escura – e, portanto, ainda precisamos de uma explicação adequada para o que observamos.
Livre tradução do artigo The chances of alien life just got slimmer, according to new study looking at mysterious dark energy publicado em 31/12/2024 por Ezzy Pearson e Chris Lintott no site BBC SKY AT NIGHT MAGAZINE disponível em https://www.skyatnightmagazine.com/news/alien-life-dark-energy
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