A severa seca que atingiu a Amazônia em 2024 revelou aspectos históricos do Brasil pouco divulgados pela grande mídia, trazendo reconhecimento ao trabalho de dedicados cientistas.
Com a redução do nível dos rios, emergiram gravuras rupestres no sítio Caretas, indicando que a região já abrigou civilizações que habitavam grandes aldeias próximas ao Encontro das Águas, conforme explicou o arqueólogo Filippo Stampanoni Bassi.
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Gravuras com padrão igual ao do sítio Caretas, em Itacoatiara |
É incorreto presumir que as atuais tribos indígenas em condições precárias representem o modelo de organização social, política, econômica e cultural adequado à floresta amazônica. Nas proximidades de Manaus, foram encontrados numerosos fragmentos de cerâmica, gravuras rupestres e terras negras, evidências de práticas agrícolas avançadas e adubação sistemática.
Os petróglifos em Lajes apresentam semelhanças estilísticas com figuras em formato de cabeça encontradas em diversos pedrais ribeirinhos da Amazônia central. Essas gravuras, localizadas em áreas submersas, sugerem que, há mais de mil anos, o nível dos rios era inferior ao atual, contrariando a ideia de um aquecimento global contínuo.
O arqueólogo Eduardo Goes Neves destacou que essas secas podem ter ocorrido em períodos anteriores, indicando que eventos climáticos semelhantes aos atuais já aconteciam antes da industrialização.
No bairro Colônia Antônio Aleixo, em Manaus, uma urna funerária foi identificada em 2012 pelo arqueólogo Carlos Augusto Silva e levada para a Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Em 2020, uma gravura representando um rebojo (redemoinho) de rio foi descoberta em um fragmento cerâmico no mesmo local. Além disso, a seca revelou as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, construído no século XVIII para assegurar o domínio português em uma região disputada com a Espanha, como cita artigo do GLOBO em 31/10/2023 e podem ser vistas na imagem abaixo e na primeira imagem deste artigo, acima.
O historiador Luiz Ataíde, após 20 anos de pesquisa no Alto Solimões, encontrou peças de louça e munições utilizadas pelos militares do forte. A conquista dessa área fronteiriça entre Brasil, Colômbia e Peru foi consolidada pelos Tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), que garantiram a soberania portuguesa na região.
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