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NOVA ORDEM MUNDIAL PÓS-PANDEMIA



Fiquei um pouco preocupada e triste (mas não surpresa) nas últimas duas semanas, quando percebi um substancial aumento na quantidade de artigos jornalísticos em diversos sites e jornais pelo mundo (que acompanho por meio de alguns clippings) falando todos, basicamente, a mesma coisa: o desenho cada vez mais claro do estabelecimento de uma NOVA ORDEM MUNDIAL pós pandemia de COVID-19.

Este artigo da Bloomberg resume bem esse conjunto de artigos que tenho visto com cada vez mais frequência. Ele nos trás um panorama bem claro quanto as mudanças das relações internacionais (diplomáticas e comerciais) e as mudanças dos centros de poder global (que estava migrando para a Ásia a olhos vistos desde o 11 de setembro). Ventila ainda, ao seu final, algumas análises que corroboram muito o que eu havia compartilhado em alguns artigos anteriores, em especial estes dois:

Xi Jinping e Donald Trump em Beijing em 2017.
Photographer: Fred Dufour/AFP via Getty Images


Quando falamos sobre mudanças dos centros de poder, é necessário relembrar que elas se dão em 2 reinos: o aparente (que é visto nos telejornais e sites de notícias da grande mídia) e o não aparente (travado fora do escrutínio público por diferentes grupos há décadas - grupos estes que exercem poder e controle sobre os governos e a grande mídia, que por sua vez ocultam e negam a existência desse tipo de deep state catalogando-o como teoria da conspiração, ridicularizando quem deles falam). Não precisamos ir longe para ver como isso funciona. O exemplo do acobertamento de mais de uma década que a mídia brasileira em massa fez sobre a mera existência do Foro de São Paulo aqui no Brasil é notório e bem documentado. Se um grupo de poder tão público (uma aliança dos partidos políticos de esquerda da América Latina toda) e de certa forma amador consegue algo do tipo tão facilmente, imagine grupos muito mais obscuros, profissionais, experientes e dotados de recursos.

Bem, o resumo destas notícias é que, desde a Conferência de Postdam, o mundo nunca viu um redesenho tão grande da ordem mundial. A China vinha ganhando muito espaço (poder) no ocidente via  forte penetração de empresas e produtos chineses. Vinha comprando de forma muito intensa commodities em diversos países, como é o caso do Brasil, que tem na China hoje o seu maior comprador em diversos segmentos, do aço ao agrobusiness. A China (por meio de empresas de capitalismo vermelho) inclusive ganhou concessões em processos de privatização de algumas empresas de geração de energia em nosso país, setor estratégico para o país que não devia ser colocado em mãos estrangeiras, muito menos chinesas. Mas ela começa a colher os amargos frutos de ter sido, intencional ou acidentalmente, o berço disseminador do Coronavírus COVID-19.

Além disso, as práticas ditatoriais chinesas de controle populacional e seu expansionismo agressivo (em especial o que vem fazendo no  sul do Mar da China) lançam uma sombra de dominação que não era vista desde o fim da URSS, e colocam a Ásia em uma situação de enorme tensão, com Japão, Coréia do Sul, Austrália e países asiáticos fronteiriços em constante estado de alerta contra navios militares chineses e ilhas artificiais por eles construídas em questão de dias.

O conflito comercial que tem se intensificado entre EUA e China desde que Trump assumiu a Casa Branca ganha mais players agora, com Japão, Canadá, Europa e Austrália deixando cada vez mais de comprar produtos e serviços chineses (como boicotes à Huawei e sua tecnologia 5G) até por necessidade, decorrente das falhas logísticas que a pandemia acarretou. Em muitos aspectos, as tensões  EUA-China já são classificadas por alguns analistas como iguais a aquelas vistas entre os EUA-URSS nos anos 1940-1990, período denominado Guerra Fria. O medo - novamente - é de que as tensões escalem em conflitos armados.

Fóruns de discussão internacional que poderiam ser usados pelos países para evitar isso, como o G7, o G20 e a própria ONU estão desmoralizados e esvaziados. Com a pandemia servindo de holofote para mostrar o que antes estava na escuridão (populismo, autoritarismo, corrupção e despreparo em muitos governos pelo mundo) e com toda essa situação horrível de escalada de tensões, crise sanitária, crise econômica e lutas por poder, Rory Medcalf, diretor do National Security College da Australian National University (entrevistado no artigo da Bloomberg citado no início deste artigo) não esconde o que pensa:

O que quer que esteja acontecendo, estamos à beira de algum tipo de tempestade. Só que ainda não sabemos como será a tempestade ou como ela vai acabar.

Sob inúmeros aspectos, parece que estamos vivendo uma época muito semelhante ao período imediatamente anterior à 2ª Guerra Mundial, nos anos 1930 (anos após a 1ª guerra mundial, após uma devastadora pandemia e após uma crise financeira sem precedentes). Um período de grandes dificuldades e sofrimento que culminaram na maior guerra que nossa civilização já experimentou.

Trabalhadores desempregados fazem fila para ter comida grátis durante a Grande Depressão nos EUA. Imagem via Getty Images.


Eu disse, no início desse artigo, que eu não estava surpresa.

O motivo é que, por mais aterrador que as notícias sejam, elas se encaixa perfeitamente ao conceito de ORDEM SURGIDA DO CAOS e como grupos ocultos de poder usam as crises e tensões para gerar conflitos, e com eles, crises em escala muito maior, as quais usam para mudar a balança de poder e conquistarem mais influência e controle.

Espero estar errada, mas apesar de achar que no momento é algo difícil (por ser um país fundamental atualmente como produção e transporte para a maioria das cadeias produtivas do mundo e, por isso, tender a ser protegido), não me surpreenderia eclodir uma guerra entre EUA e China em um espaço de 5 anos, o que arrastará o mundo a uma nova guerra mundial com países se dividindo entre ambos, para assim os grupos de poder não aparente consolidarem seus domínios de influência.

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