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UM DIA ENTRE OS RAELIANOS - NO QUE CRÊEM OS INTEGRANTES DESSA RELIGIÃO UFOLÓGICA

Rael, o lider do Raelianismo, discursando no Seminário Raeliano da Ásia no aniversário de 45 anos de suas revelações em 1975. Foto: cortesia do International Raelian Movement


BUFFALO, N.Y. - O grupo reuniu-se silenciosamente em torno das portas que davam para o salão de baile. Todos olhavam para o chão evitando contato visual com os demais. Estávamos há 12 horas fazendo jejum de comida, conversas, tecnologia, sexo e contato visual.

Uma vez que as portas se abriram, o salão se mostrou preenchido por uma tranquila música meditativa. Os raelianos e eu prosseguimos, um por um, passando por um corredor humano formado por seis guias raelianos de cada lado. Vestidos com roupas brancas compridas da cabeça aos pés, cada guia sorria, com seus rostos iluminados por velas que estavam nas palmas de suas mãos.

Era apenas 8h da manhã do primeiro dia na Academia da Felicidade Raeliana.



Design inteligente para ateus

Poucos meses antes de embarcar em uma viagem de 9 horas dentro de um ônibus em direção ao seminário anual norte-americano dos raelianos na cidade de Buffalo, me deparei com uma postagem on-line que dizia: "Design inteligente para ateus: extraterrestres criaram toda a vida na terra" - uma palestra gratuita em Jersey City , NJ.

Depois de algumas visitas à Jersey City para me encontrar com um organizador local raeliano chamado Houari, ele começou a revelar a filosofia por trás dessa religião ufológica que adora ciência. Um homem baixo e atarracado com quase seus 30 anos e cabelos lisos penteados para trás, Houari me cumprimentou com entusiasmo.

Sua camiseta verde militar ostentava um logotipo amarelo brilhante, o emblema oficial do Movimento Raeliano: a Estrela de David, entrelaçada com a suástica.


Símbolo do Raelianismo


"Não se preocupe", ele disse. "Não tem nada a ver com judeus ou nazistas".

"A estrela aponta para cima e para baixo, representando o infinito", disse ele. E a suástica? "Representa o tempo, que é cíclico - nunca acaba, apenas muda." Este é o logotipo que Rael, o fundador do movimento, viu na espaçonave em seu primeiro encontro com OVNIs, na França.

Houari me expôs o básico da crença Raeliana: segundo eles, não existe um "Deus", ele disse - apenas os "Elohim".

Segundo os ensinamentos raelianos, a verdadeira tradução da palavra Elohim é "aqueles que vieram do céu". Os Elohim segundo eles são um grupo de cientistas extraterrestres que, inteligentemente, projetaram a raça humana.

Em 1973, o jornalista francês Claude Vorhilon, com então 27 anos, teve um encontro com um desses seres extraterrestres, o que mudou a trajetória de sua vida. "Ouça-me atentamente", disse o alienígena, chamado Yahweh, à Claude, que recordou desse encontro em seu livro, Intelligent Design.

Ilustração do 1 encontro de Claude (Rael) com Yahweh


"Você contará a todos os seres humanos sobre esta reunião, mas dirá a eles a verdade sobre o que são e sobre o que nós somos", disse o extraterrestre. Claude recebeu o nome de "Rael" e começou a espalhar a mensagem.

Em 1975, Rael afirmou ter sido levado ao planeta dos Elohim, onde foi revelado a ele que Yahweh era seu pai biológico e que Jesus era seu meio-irmão. Anos mais tarde, os raelianos da Ásia começaram a se referir a ele como o Maitreya, que na fé budista é o nome do prometido que será o sucessor do Buda.

Os raelianos têm uma missão específica na Terra: criar uma "embaixada" para os Elohim, para que, quando esses cientistas espaciais retornarem, tenham um lugar para trabalhar, a fim de oferecer orientação para o avanço da humanidade.

Décadas depois, aos 73 anos, Rael ainda é o rosto de uma das religiões OVNI mais controversas, desconcertantes e fascinantes do mundo, que reivindica ter mais de 90.000 membros em 90 países - embora os céticos suspeitem que o número esteja próximo de 20.000 na verdade.

Trata-se de uma história fascinante... mas uma religião? Para atrair um monte de ateus, esse Rael deve ser bastante convincente!

"Ele era diferente. Ele era muito impressionante", disse Houari. "Você podia ver que algo o impactou tão fortemente que diria 'é assim que é as coisas são e é assim que elas deveriam ser'."

Rael, o mensageiro de pele bronzeada e manto branco, fala devagar e intencionalmente, nunca faltando a ele carisma ou autoridade. Ele sabe como trabalhar uma multidão.

"Rael se encaixa nos critérios perfeitos dos dias modernos de como você deveria agir se alguém lhe dissesse: 'Preciso que você transmita essa mensagem à humanidade, vá em frente e faça'", disse Houari.

Já Susan J. Palmer, socióloga e pesquisadora de religiões, mostra uma imagem conflitante de Rael, no entanto.

"Ele não é uma pessoa muito educada e também não escreve muito bem", disse Palmer sobre Rael. "Mas ele certamente tem qualidades de liderança. Ele é muito intenso e entusiasmado, e na verdade é muito criativo".

Palmer é autora de 12 livros sobre novos movimentos religiosos, incluindo Aliens Adored: Raël's UFO Religion. Depois de passar 15 anos observando e escrevendo sobre os raelianos, muitos a consideram uma especialista no movimento.

"Embora seja um espírito gentil, Rael é bastante cruel em expulsar dissidentes e segregá-los", disse Palmer.

"Ele é uma espécie de paradoxo bastante interessante, e é meio difícil de conhecê-lo verdadeiramente", disse ela.


Houari,o organizador Raeliano local em Jersey City, NJ


Houari passou o contato de sua guia, Kasyo Perrier, uma raeliana nível quatro. A escala, baseada na liderança de cada membro e no envolvimento organizacional chega até seis - com os raelianos de nível cinco sendo análogos à bispos. Rael, o mensageiro dos Elohim, está sozinho no nível seis.



A Academia da Felicidade

Os raelianos estão por toda a Internet. Há amplas informações a respeito de sua filosofia de amor livre, a sensacionalizada cobertura da imprensa sobre suas reuniões e sobre sua organização de clonagem humana, a Clonaid. Em 2002, os raelianos alegaram ter clonado o primeiro bebê humano, "Eve", causando um alvoroço na mídia internacional.

Havia muito o que perguntar a Kasyo, a guia raeliana francesa que trabalhava como massoterapeuta em Boston.

"O que você diria a alguém que está, talvez, preocupado com algumas das crenças ou práticas raelianas?" perguntei desajeitadamente a Kasyo.

"O que, sobre o culto sexual?" ela perguntou.

Dei de ombros, corando, com uma risada nervosa.

"Estamos aqui para ser felizes. Tentamos salvar a humanidade, se puder ser salva, de uma maneira que traga amor e paz", disse ela. "O culto sexual é uma dessas imagens, porque liberdade é nosso pilar filosófico. Mas os jornalistas estão focados em apenas uma coisa: 'oh liberdade, então eles têm orgias'."

"Se você for à Academia da Felicidade, verá por si mesmo", disse ela. "Não é nada disso."

Nove horas depois, eu estava em Buffalo para a edição 2019 da Academia de Felicidade da América do Norte.

O Millennium Buffalo Hotel era caloroso e acolhedor em uma noite chuvosa de domingo no interior de Nova York. Haviam pessoas zanzando dentro do hotel.

"Aqui que é a Academia da Felicidade?"

"Oui, oui, venha", disseram, levando-me a uma sala onde haviam mais idosos e mais pessoas com sotaques franco-canadenses.

Kasyo foi a primeira a me receber lá dentro com um grande abraço e me guiou até a mesa de registro.

Ela então me apresentou aos presentes na sala: "Temos um espião entre nós!" ela disse.

Após uma festa de dança improvisada da música Celebrate, do grupo Kool and the Gang, os raelianos se sentara para ouvir o primeiro ensinamento de Rael. Ele não participaria do seminário em pessoa. Seus ensinamentos seriam reproduzidos com um projetor.


Cerca de 100 raelianos que participavam do seminário eram de todos os lugares - Flórida, Utah, Minnesota, e até alguns estrangeiros. Mas a maioria ali era canadense.

"O que devo esperar desta semana?" perguntei.

"Amor e felicidade", me respondeu a raeliana.

Após a cerimônia de abertura, os raelianos partiram para seus aposentos, iniciando um jejum de 24 horas. Eu me esgueirei do hotel em direção ao outro lado da rua, onde tinha um Mighty Taco. Eu não havia comido nada o dia todo - então teria que ser um jejum de 23 horas para mim.



Manhã: Dança Nua e Meditação

A entrada no salão de baile com os guias raelianos foi como um balde de água fria no rosto.

O grupo sentou-se relaxado em seus assentos no salão de festas com pouca iluminação, com a relaxante melodia que saía pelos alto-falantes quase nos deixando em transe. E então, do canto da sala, veio Jasmin, a guia sul-coreana. Ela estava quase nua - exceto por uma malha cor da pele e um tecido translúcido que ela colocou sobre seu corpo.

Ela fez uma dança interpretativa enquanto a multidão assistia em silêncio.

Mais tarde, perguntei a Susan J. Palmer se essa era apenas uma manhã normal para os raelianos.

"Sério?" ela disse, depois de me ouvir falar sobre a dança nua. "Nunca vi nada assim. Mas acredito em você."

Jasmin, mais tarde, admitiu que aquilo havia sido algo excepcional para ela.

"É a primeira vez que fiz algo assim", disse ela. "Eu estava muito nervosa."

Embora o grupo não pareça ter as características de um "culto sexual", a nudez não é algo novo dentro do movimento raeliano. Rael chegou a iniciar o protesto anual Go Topless, uma manifestação de rua que ocorre em várias cidades do país, lá pelo dia 26 de agosto, dia da igualdade das mulheres. Kasyo Perrier, a guia de Boston, é a organizadora e líder do desfile Go Topless de Nova York.

"Enquanto os homens puderem ficar de topless", disse Rael, "as mulheres devem ter o mesmo direito constitucional ou os homens também devem ser forçados a usar algo que oculte o peito".

A atividade seguinte foi uma série de meditações sonoras lideradas por Thomas Kaenzig, um bispo raeliano da Suíça que usava um rabo de cavalo e costeletas pontudas, parecendo mais um personagem de Star Trek. Ele é o Guia Nacional do Movimento Raeliano dos EUA. As meditações seguintes foram bastante tranquilas - sente-se na postura, relaxe e sinta as vibrações sonoras percorrendo seu corpo.

"Através desses sons, podemos basicamente masturbar o cérebro", explicou Thomas, "e ele libera muitos, muitos produtos químicos e nos sentimos realmente maravilhosos".

Os raelianos certamente têm uma maneira peculiar de explicar as coisas.

Ao beber muita água - explicou a bispa raeliana Nicole Bertrand - poderíamos "urinar nosso ódio", deixando espaço para apenas "amor e paz".

Thomas então chamou todos os iniciantes da Academia da Felicidade para se apresentarem diante de todo o seminário, durante o qual expliquei que eu era jornalista e que estava escrevendo para o Religion Unplugged - e que eu estava muito feliz por estar ali.

Havia um outro não-raeliano na Academia da Felicidade: Esteban Gonzales, um indivíduo descontraído e cauteloso que se apresentou como um engenheiro químico de 24 anos vindo de Nova Jersey.

Esteban não parecia estar gostando muito - ele não estava participando das meditações, que fizeram os raelianos balançarem lentamente de um lado para o outro enquanto sussurravam a si mesmos: "Eu sou amor, eu sou paz".

"Então, o que você pensa sobre tudo isso?" sussurrei para Esteban, aproximando-me dele enquanto ele se sentava na fila de trás da plateia.

"É bem diferente", disse ele.

Seria interessante ouvir como ele havia acabado ali, mas estava na hora de novamente ouvir as mensagens de um Rael virtual. Eu sinalizei para Esteban que conversaríamos mais tarde.

Os ensinamentos de Rael foram gravados da Academia da Felicidade na Ásia do ano passado, em Okinawa, Japão. Se aqueles ensinamentos em particular pudessem ser resumidos em uma única palavra, ela seria "Ilusão!"

O Maitreya explicou como tudo é uma ilusão: religião, nacionalidade, cor, gênero - tudo uma ilusão. Até a democracia é uma ilusão, porque "nada muda".

"A educação também é uma ilusão", disse Rael.

Ele ainda citou algumas estatísticas questionáveis. Segundo Rael, 80% dos bilionários nunca frequentaram a universidade e 80% dos sem-teto possuem um diploma universitário. Mas estudos bem conhecidos não pareciam se alinhar às descobertas de Rael: 84% dos bilionários possuíam diploma universitário, de acordo com estudo da Forbes em 2017.



Noite: Quebrando o Jejum

Após uma longa tarde de silêncio e contemplação individual, os raelianos se reuniram novamente diante da mesma porta que dava para o salão de baile. Desta vez, todo mundo estava arrumado e pronto para a festa. Mas o jejum não havia acabado ainda.

Quando as portas do salão se abriram, Kasyo me levou pela mão até uma mesa onde fiquei sentado entre oito raelianos. Cada prato tinha uma maçã e Thomas liderou os presentes em uma meditação final antes da refeição.

"Este momento é um privilegio", disse ele, em sua fala suavemente cadenciada de origem suíça, "especialmente pelo estímulo constante que recebemos mas que pudemos cortar nas ultimas 24 horas".

Estávamos prontos para quebrar nosso jejum juntos, mas não tão rápido - "um sentido de cada vez", disse ele.

"Pegue a maçã em seu prato", disse Thomas, "não a coma agora, olhe para ela primeiro. Agora feche seus olhos e aproxime a maçã de seu nariz. Não a morda, apenas cheire-a. Será como a primeira vez que você sentiu o cheiro de uma maçã".

A maçã tinha um cheiro delicioso - um intenso aroma de maçã verde como aquele das balas da Jolly Rancher. Você sabe, como uma maçã de fato.

"Vamos conectar o paladar. Muito lentamente, leve a maçã à sua boca", disse ele. "Mas não a morda ainda, apenas use sua língua e lamba a maçã muito suavemente. Sinta o padrão dessa maçã. E ao lamber a maçã, você poderá sentir a saliva chegando. Não se apresse, da mesma forma quando faz amor - faça devagar. Aproveite cada momento."

Thomas nos pediu para mantermos os olhos fechados, e talvez por um bom motivo - ver pessoas a sua volta se beijando com uma maçã não é algo que você esqueceria facilmente.

"Agora, bem devagar, você pode dar a primeira mordida nessa maçã", disse ele.

O triturar de maçãs quebrou o silêncio da sala.

"Não engula", disse ele. "Não engula ainda, deixe-a flutuando em sua boca. Aprecie-a como se fosse sua primeira vez comendo uma maçã. Depois, mastigue bem devagar e sinta o suco saindo. Aproveite."

Uma vez que o jejum foi quebrado, os raelianos começaram a se reconectar. Nos demos as mãos, esfregando os dedos nas mãos das pessoas próximas a nós, revigorando nosso senso de toque. Finalmente, chegou a hora de comer.

Refogado de legumes veganos, hummus e uma bandeja de legumes estavam no cardápio hoje à noite no Le Restaurant de Rael. Kasyo, que estava sentada ao meu lado, não estava comendo.

"Estou continuando o jejum", disse ela.

"Por quanto tempo pretende seguir?"

"Vou tentar, talvez, mais três dias mais ou menos. Eu preciso", disse ela.

Fiquei impressionado.



Razões para se tornar raeliano

Os raelianos foram muito sinceros em suas conversas durante o jantar. Vários dos raelianos explicaram como encontraram o movimento, muitos deles revelando que já foram católicos romanos. Jasmin, o guia sul-coreano, disse que havia abandonado o catolicismo devido aos ensinamentos da Igreja sobre sexualidade.

Em seu livro Aliens Adored, Susan J. Palmer descobriu que muitos guias que ela entrevistou disseram que foram inicialmente "atraídos pela filosofia de Rael, porque isso preencheu a lacuna entre a fé católica em outro mundo que eles conheciam quando crianças e a pragmática visão de mundo científica que eles adotaram quando adultos."

Em 1998, Rael, a pedido dos Elohim, criou a Ordem dos Anjos de Rael - uma ordem exclusivamente para mulheres que as preparavam para "receber os extraterrestres quando aterrissarem, para atuar como anfitriãs, companheiras e amantes dos visitantes estrangeiros."

Palmer observou que essa ordem parecia atrair muitas jovens ex-católicas. A Ordem dos Anjos de Rael "tocou um acorde familiar a elas, evocando memórias de infância de freiras e o romance e o mistério do claustro", escreveu Palmer.

Um dos entrevistados de Palmer explicou: "Quando eu era jovem, fui criado como católico e daria minha vida por Jesus. Quando soube dos Elohim, tomei a decisão de segui-los e dar minha vida por eles, se necessário."

Então, o que atraiu Esteban, o engenheiro químico de 24 anos que nunca teve muita formação religiosa?

"Esse material parece, você sabe - apenas parece correto", disse Esteban, depois de passar o resto da semana na Academia da Felicidade. "Quanto mais eu leio, mais sentido parece fazer, estando no campo da ciência e tudo o mais".

"Eu não sei como você se sentiu como jornalista, sem uma formação científica. O que eles dizem faz sentido." ele disse.

Descobri que Esteban e eu fomos apresentados ao movimento por meio de nosso mesmo amigo raeliano, Houari, em Jersey City.

"Não sei por que esse evento se destacou para mim", disse Esteban. "Eu queria encontrar pessoas diferentes que tivessem ideias diferentes. Eu tinha esses pensamentos em minha mente, mas nunca encontrei um grupo de pessoas que, você sabe, tivesse os mesmos pensamentos - até agora".

Embora ele não tenha muita certeza se vai se juntar oficialmente ao movimento, ele ficou impressionado com Rael.

"Ele é uma pessoa genuína falando de experiências próprias", disse Esteban. "O que ele diz na maioria das vezes é muito relacionável, e acho que muitas pessoas infelizmente se envolvem demais com essa realidade em que nascemos... as pessoas realmente não questionam muito mais".



Me despedindo dos raelianos

As pessoas começaram a se retirar naquela noite, embora alguns raelianos ainda estivessem tocando bongôs no salão de baile. Thomas e eu fomos até o hall para uma entrevista. Ele é raeliano há 25 anos, mas foi criado em um lar suíço por um pai ateu e uma mãe protestante. Enquanto ainda estava na Suíça, ele encontrou as mensagens de Rael.

"Eu li os dois primeiros livros dele em uma noite", disse Thomas. "Não foi convincente. Apenas fazia sentido. Veja, descobrimos que somos raelianos, não que nos tornamos - nós sempre o fomos."

Thomas disse que Rael "fala como apenas um profeta pode falar", e sua natureza não filtrada, geralmente politicamente incorreta, é do que o mundo precisa mais.

"Todo mundo sempre tem medo de ofender alguém, mas devemos poder rir de tudo", disse ele. "Precisamos de pessoas que sejam ofensivas".

Enquanto muitos acham ofensivo o movimento Go Topless, o Dia da Reabilitação da Suástica e até o hino nacional norte-americano, Thomas acredita que essas e outras ações raelianas são necessárias para despertar a humanidade.

Pedi para falar brevemente sobre a bebê Eve. Thomas sorriu, prosseguindo com um aceno de cabeça enquanto reunia seus pensamentos.

"No começo, depois da Ovelha Dolly, era um projeto filosófico", disse ele. "Não houve operações de clonagem. Mas houve muita cobertura da imprensa. Em 1999, a Dra. Brigitte Boisselier, uma raeliana, veio a Rael e disse: 'Eu quero que isso seja mais o que uma mera ideia filosófica'".

Rael deu-lhe a aprovação, Thomas explicou, mas garantiu que não foi executado por uma empresa raeliana.

"O movimento raeliano apoia a tecnologia de clonagem, porque é o primeiro passo em direção à vida eterna - não a vida eterna mística, mas a vida eterna científica", disse ele.

No entanto, no que diz respeito às operações de clonagem, Rael nunca fez parte disso.

"Não pergunte aos raelianos", disse ele.

Então, Thomas acredita que a empresa Clonaid realmente clonou o primeiro humano?

"Sim", ele disse. "Confio em Brigitte mais do que em qualquer pessoa da mídia. As pessoas dizem 'por que ela não dá mais provas e informações?' Bem, veja as consequências legais para ela."

A clonagem humana reprodutiva e terapêutica é um "crime contra a espécie humana" na França, de onde é Boisselier, e é punível com até 30 anos de prisão e se aplica a cidadãos franceses em todo o mundo, independentemente de onde a clonagem seja realizada.

Segundo Thomas, é apenas uma questão de tempo até encontrarmos Eve.

"Uma vez que não existam mais ameaças legais para as pessoas envolvidas, uma vez que possamos ter uma discussão racional sobre isso, será apenas uma questão de tempo", disse ele.

Estava na minha hora de voltar para a cidade de Nova York.

"Partindo tão cedo?" perguntou Daniel Turcotte, um canadense francês alto e dominador, enquanto ele fazia uma massagem nos ombros de um amigo. Daniel é o Guia Continental da América do Norte e assistente de Rael para o Projeto da Embaixada dos Elohim.

"Você sentirá falta de todas as partes boas", disse ele com um sorriso e uma piscadela.



O futuro do movimento

O próximo passo para os raelianos nunca é muito claro.

"O fato é que descobri por experiência que você não pode prever o que acontecerá com as novas religiões", disse Palmer. "Toda vez que eu prevejo, quase sempre estou errada. Você nunca sabe o que vai acontecer."

O próprio Rael previu que os Elohim retornarão em um futuro próximo, já em 2035.

"Se eles não vierem, pode haver um problema", disse Susan J. Palmer. "Eles terão que revisar seu cenário apocalíptico".

Se Rael morrer, ela disse, pode haver uma luta pela liderança.

"Será um funeral incomum", disse ela. "Mas tive uma conversa com Rael uma vez, onde ele disse que é imortal."

Para os raelianos, porém, uma morte humana não significa necessariamente que Rael é mortal, disse Palmer.

"O corpo dele poderia morrer aqui e ele é imortal com o outro corpo em outro planeta", disse ela.

Se a verdade é frequentemente mais estranha que a ficção científica, as religiões OVNI, como o Movimento Raeliano, podem ser "ainda mais estranhas que a ficção científica", disse Palmer em seu livro sobre os Raelianos.

Enquanto isso, o Movimento Raeliano continuará seus planos de construir uma embaixada para os Elohim, que será um edifício físico "em um terreno extraterritorial, assim como outros países têm embaixadas nos países anfitriões", explicou Thomas.

"Estamos em contato com vários países nesse sentido", afirmou. "A embaixada é um sinal, mostrando que a humanidade está pronta para receber nossos criadores, então o retorno dos Elohim está nas mãos da humanidade".



NOTA DESTE BLOG: a existência dos Raelianos e de tantas religiões ufológicas ou de cunho ateísta/científico é algo infelizmente previsto ha tempos, como falamos nos artigos VISÃO MITOLÓGICA DO FENÔMENO OVNI e comentamos mais um pouco em ALIENÍGENAS SÃO DEMÔNIOS? e SOBRE OVNIS E SATANÁS. Faz parte do mesmo fenômeno das demais religiões da Nova Era, que segundo Lee Penn em seu poderoso livro FALSE DAWN, nada mais são do que movimentos gnosticistas totalmente anti-cristãos.

Tais movimentos, muito antigos, passaram desde os anos 1960 e 1970 a ser travestidos em nova roupagem retórica (científica, alienígena) que se encaixa com o atual zeitgeist, que por sua vez vem sendo moldado por décadas de movimentos progressistas que visavam retirar da sociedade preceitos religiosos (abomináveis a eles), criando um vácuo emocional e psicológico facilmente preenchido por baboseiras e "groselhas" desse tipo.

O comportamento dos Raelianos descrito nesta reportagem de Matthew Hendley deixa claro que pouco ou nada os distingue de tantas outras religiões new age baseadas em preceitos puramente humanistas que negam a existência de Cristo e até de Deus, substituindo-os por qualquer besteira que satisfaça sua narrativa e mantenha a figura do Deus judaico/cristão anulada, assim como suas escrituras e obviamente sua autoridade na vida dos seres humanos.


Estas religiões são fracas e falsas por definição, pois atraem fiéis por conveniência como ficou claro em vários trechos da reportagem, e não por uma impactante mudança de sua cosmovisão (o que caracteriza a palavra "conversão" usada para designar quando uma pessoa passa a proferir determianda fé).



Livre tradução do artigo THE NAKED TRUTH ABOUT A UFO RELIGION WHOSE WORSHIPPERS BELIEVE IN 'THOSE WHO CAME FROM THE SKY' publicado na Newsweek em 22/01/2020 por Matthew Hendley. Matthew Hendley é especialista em jornalismo pela Universidade do Mississippi, em Oxford, Mississippi. Estagiou no programa 60 Minutes da CBS em Nova York no outono passado. Siga-o no Twitter @matthendley.

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