E OS ETS VIRARAM "DEUSES"
Da Crença em OVNIs à Convicção na Ufologia como Mitologia
Por Marcus Valerio XR - 24/11/2001
retirado do site http://www.xr.pro.br
Durante minha infância e especialmente adolescência, fui mais que um entusiasta do Fenômeno UFO, fui quase um ufólogo teórico, isto é, promovia tal incursão intelectual no maravilhoso universo da Ufologia, devorando revistas UFO, Planeta, Fronteiras do Desconhecido e similares, que deixei de simplesmente acreditar. Eu "Sabia"!
Sempre tive em mente a idéia de que a grande maioria do conteúdo disponível na Ufologia era lendário, mais de 90% com certeza, mas não tinha dúvidas de que o restante, os casos realmente convincentes, eram uma prova indiscutível da presença de visitantes Extra ou Intraterrestres em nosso planeta.
Poderia de fato, se tivesse recursos na época, ter me tornado um ufólogo prático, após me filiar a um tal CPDV (Centro para Pesquisas de Discos Voadores), mas a insistência desta instituição em pedir doações, e principalmente uma infeliz carta onde após inúmeros pedidos de doação por mim ignorados esta instituição dizia "...por sorte contamos com a colaboração de nossos sócios Mais Participativos...", acabei por abandonar por completo o períodico consumo de material do gênero.
Deixei então de comprar revistas ufológicas, mas não abandonei minha convicção na veracidade do fenômeno dos OVNIs. Eu não me preocupava mais em estar atualizado, não mais precisava de constantes notícias especializadas e me contentava com os ocasionais alardes da mídia. O motivo é que de uma certa forma, eu já estava preparado.
Eu acreditava que diferente da maior parte da humanidade, estava psicologicamente pronto para o Dia do Contato, levantava até a hipótese de que os inúmeros filmes e seriados de ETs da época, antes de Independence Day, eram em parte produto de uma tendência da Nova Era de preparar as massas, principalmente os jovens, para o grande dia em que os Extraterrestres pousassem no prédio da ONU para o contato oficial com a humanidade.
Fui crente em George Adamsky, e outros "contatados" que me levaram a acreditar serem os ETs bem intencionados, tanto que a onda das abduções me deixou bastante perturbado. Mas não por muito tempo.
O meu amadurecimento me levou a ser cada vez mais crítico com a Ufologia, mas o ponto de partida do processo de demolição das estruturas centrais de minha crença foi lançado por nada mais nada menos do que, Arquivo X.
Minha fé na existência de algo tangível por trás dos milhares de relatos e casos famosos, devidamente acobertados pelos governos, a Teoria da Conspiração indispensável para as crenças ufológicas serem credíveis, era sustentada por um baluarte inexpugnável. Um raciocínio bastante convicente naquele meu devido estágio de desenvolvimento mental.
Apesar da inexistência de qualquer evidência, da falta de qualquer prova concreta, e do fato de eu mesmo jamais ter tido qualquer experiência que pudesse honestamente classificar sequer como CE0, ou Contato Imediato de Primeiro Grau, dependendo da classificação, havia algo que eu não tinha dúvidas.
Não me parecia lógico que um fenômeno de tão largas proporções fosse completamente baseado em nada! Eu não conhecia exemplos paralelos de que uma teia tão vasta de relatos de eventos, uma homogeneidade tão grande de depoimentos inclusive por parte de cientistas e psicólogos, e todos as outras peculiaridades expostas por uma razoavelmente bem organizada comunidade de pesquisa em geral sem objetivos lucrativos, a comunidade Ufológica, não tivesse por trás de tudo alguma base real.
Portanto, esse era meu refúgio e minha certeza, alguma coisa tinha que haver por trás de tudo aquilo, e nada me parecia mais plausível que a Hipótese Extra Terrestre, ou Intra Terrestre, enfim, que de fato seres com tecnologia mais avançada que a nossa periódicamente nos visitassem.
Porém, um dia, após ter me afastado da excitação ufológica apesar de periódicos estímulos como os filmes Intruders, ou Fire in the Sky, eis que me deparei com uma revistinha sobre seriados de TV, que chamou o embasamento argumentativo de Arquivo X como, "Mitologia" da Série.
Foi o início do Despertar de um sonho que se antes era luminoso, posteriormente com os relatos nada agradáveis das abduções e dos Grays já se tornava "Cinzento".
Eu não acreditava que um fenômeno de massa de tão vastas proporções pudesse existir sem qualquer fundamento real, não conhecia paralelos tão hegemônicos como as por vezes bem desenvolvidas teorias ufológicas, que não fossem resultado de fenômenos autênticos ainda que mínimos e amplificados por lendas e paranóias. Mas na realidade havia sim casos muito similares, sempre houve.
Durante toda a história da humanidade pessoas viveram completamente convictas sobre fatos que jamais viram, suas vidas por vezes eram baseadas, e ainda são, nessas crenças, civilizações foram edificadas sobre elas. As Religiões e seu componente indispensável. A Mitologia.
Passar a ver os fenômenos ufológicos como Mitologia foi uma experiência brusca, impressionante e muito gratificante. Não demorei a perceber logo de imediato todas as implicações fascinantes desse novo enfoque.
Devo dizer antes que sempre fui filósofo, cuja atividade básica é buscar o entendimento da realidade principalmente através da Razão, e em parte pela Intuição, dentro dos limites de sua visão de mundo. Eu já havia concluído que a crença, positiva ou negativa, independe de provas.
Quem está realmente disposto a acreditar, não tem como ser contrariado, pois afinal não se pode provar a não-existência de algo. Mesmo que se demonstrasse de forma muito convincente que todos os relatos sobre OVNIs existentes até hoje fossem improcendentes, o crente poderia simplesmente recusar as evidências e na pior da hipóteses, a possibilidade continuaria existindo.
Da mesma forma, alguém que se recuse a acreditar não tem como ser convencido, pois mesmo a mais impressionante prova física ainda pode ser vista como fraude. Podemos considerar a possibilidade de uma bem orquestrada armação, até mesmo uma organismo complexo aparentemente alienígena poderia ser uma farsa, ou na pior das situações, ainda podemos nos considerar vítimas de uma alucinação.
Portanto eu ja havia descoberto por mim mesmo que acreditar ou não em algo é menos uma questão de evidência empírica do que uma questão de Razão e Emoção. Se nossa escolha emocional decidir, podemos usar a Razão como bem entendermos para validar nossa visão de mundo.
Concluí então que a questão de se os UFOs são Alienígenas ou não, se são reais ou fantásticos, jamais será definitivamente resolvida assim como todo o avanço científico dos últimos séculos não foram capazes de eliminar as religiões nem mesmo nos segmentos mais esclarecidos da sociedade.
Imaginei, imagino, que num futuro, de preferência séculos distante, as pessoas estudarão a nossa época e verão nossas crenças ufológicas não só como uma mitologia de nossa era, mas mesmo como um mistério jamais desvendado, da mesma forma que o foram os milagres de Moíses, a Lenda do Rei Artur, ou a existência de Jesus Cristo.
A Ufologia é uma Mitologia com direito a tudo, seres celestes que se comunicam com pessoas especiais ocorrendo inclusive relações sexuais. Tem lendas famosas como a do Caso Roswell, e direito a lugares idílicos como Área 51. Ou seja, nada substancialmente diferente das crenças de que anjos e mulheres humanas produziram os Nefilins, uma raça híbrida descrita na Bíblia, da lenda de Hércules, ou de locais misteriosos como o Eldorado.
Claro, há peculiaridades únicas na Ufologia, elas são a resposta do sonho humano de não se deixar vencer pelo duro e aparente vazio da realidade. Impossibilitada de desenvolver novas crenças milagrosas em larga escala, pois em menor escala até hoje surgem religiões que alegam eventos mirabolantes, nossa Ufologia possui toda uma roupagem pós moderna exclusiva.
Não temos cavalos alados ou carruagens voadoras, mas temos veículos de uma tecnologia além da humana. Não há um Céu ou um Continente perdido, mas temos outros planetas, outras dimensões ou mesmo o interior da Terra. Não possuímos seres sagrados fazedores de milagres, mas criaturas ultra desenvolvidas dotadas de telepatia e tecnologia quase mágica.
Ufologia, quando vista dessa forma, é isso. Uma deliciosa coletânea de contos das mais diversas estirpes, sintetizados por indivíduos por vezes brilhantes de modo a se tornarem verrossímeis, da mesma forma que Hesíodo e Homero sintetizaram as muitas lendas gregas.
Além disso, a Ufologia como a possuímos é uma importante manifestação da cultura popular, um exemplo fascinante e único de como o imaginário fantástico humano consegue sobreviver e se perpetuar apesar da incessante desmistificação da realidade produzida pelo avanço inexorável de nossa ciência.
Infelizmente, esse espetacular fenômeno de massa, esse evento psicossocial único vem sendo tristemente negligenciado pelos estudiodos. Embora seja sempre importante estudar as antigas religiões e mitos, é lamentável que pouquíssimos estejam dispostos a investigar essa mitologia de nossa era, sendo criada agora.
Não tenho conhecimento de qualquer estudo significativo abordando o fenômeno religioso flagrante que os OVNIs tem desencadeado, com direito a messias de carne e osso como o famoso RAEL, que pode ser visto no site WWW.RAEL.ORG, uma religião ufológica que alega ter milhões de seguidores.
Hoje, sou mais entusiasmado com a Ufologia do que nunca, assim como o sou por Religiões e Mitologias em geral, só me poupo de acreditar em nenhuma delas embora jamais me feche para a possibilidade do fantástico. Sei que em última instância, não temos como ter certeza total.
Digo isso por que mesmo Carl Sagan, que em seu assombroso livro "O Mundo Assombrado pelos Demônios", sepultou de vez meus resquícios de crença em ETs, não conseguiu apresentar um argumento definitivo. Aliás isso não é possivel.
Da mesma forma que os extremos se tocam, e que dizer que "TUDO É MARAVILHOSAMENTE BELO" ou "NADA É ATERRORIZANTEMENTE HORRENDO" tem praticamente o mesmo efeito, ainda resta aos Ufólogos crédulos o irrefutável recurso da inversão absoluta de raciocínio.
Se considerarmos que na verdade foram os ETs que dirigiram toda a jornada humana, ou mesmo pré-humana pelo mundo, que sempre estiveram entre nós e são na verdade a causa de todos os mitos e crenças, e que sendo responsável por pelo menos parte do curso da evolução biológica na Terra sendo então até mesmo fisicamente assemelhados a nós, e se desenvolvermos bem esse argumento, acabamos por criar uma teoria impossível de ser derrubada racionalmente, e como já disse, apesar da favorabilidade da hipótese absolutamente contrária, a escolha ainda é em última instância, íntima e subjetiva.
Eu fiz minha escolha.
Se Eric Von Daniken quer crer que os Deuses foram ETs, para mim os ETs é que se tornaram "deuses".
Mitologia, de nosso rico imaginário popular.
Da Crença em OVNIs à Convicção na Ufologia como Mitologia
Por Marcus Valerio XR - 24/11/2001
retirado do site http://www.xr.pro.br
Durante minha infância e especialmente adolescência, fui mais que um entusiasta do Fenômeno UFO, fui quase um ufólogo teórico, isto é, promovia tal incursão intelectual no maravilhoso universo da Ufologia, devorando revistas UFO, Planeta, Fronteiras do Desconhecido e similares, que deixei de simplesmente acreditar. Eu "Sabia"!
Sempre tive em mente a idéia de que a grande maioria do conteúdo disponível na Ufologia era lendário, mais de 90% com certeza, mas não tinha dúvidas de que o restante, os casos realmente convincentes, eram uma prova indiscutível da presença de visitantes Extra ou Intraterrestres em nosso planeta.
Poderia de fato, se tivesse recursos na época, ter me tornado um ufólogo prático, após me filiar a um tal CPDV (Centro para Pesquisas de Discos Voadores), mas a insistência desta instituição em pedir doações, e principalmente uma infeliz carta onde após inúmeros pedidos de doação por mim ignorados esta instituição dizia "...por sorte contamos com a colaboração de nossos sócios Mais Participativos...", acabei por abandonar por completo o períodico consumo de material do gênero.
Deixei então de comprar revistas ufológicas, mas não abandonei minha convicção na veracidade do fenômeno dos OVNIs. Eu não me preocupava mais em estar atualizado, não mais precisava de constantes notícias especializadas e me contentava com os ocasionais alardes da mídia. O motivo é que de uma certa forma, eu já estava preparado.
Eu acreditava que diferente da maior parte da humanidade, estava psicologicamente pronto para o Dia do Contato, levantava até a hipótese de que os inúmeros filmes e seriados de ETs da época, antes de Independence Day, eram em parte produto de uma tendência da Nova Era de preparar as massas, principalmente os jovens, para o grande dia em que os Extraterrestres pousassem no prédio da ONU para o contato oficial com a humanidade.
Fui crente em George Adamsky, e outros "contatados" que me levaram a acreditar serem os ETs bem intencionados, tanto que a onda das abduções me deixou bastante perturbado. Mas não por muito tempo.
O meu amadurecimento me levou a ser cada vez mais crítico com a Ufologia, mas o ponto de partida do processo de demolição das estruturas centrais de minha crença foi lançado por nada mais nada menos do que, Arquivo X.
Minha fé na existência de algo tangível por trás dos milhares de relatos e casos famosos, devidamente acobertados pelos governos, a Teoria da Conspiração indispensável para as crenças ufológicas serem credíveis, era sustentada por um baluarte inexpugnável. Um raciocínio bastante convicente naquele meu devido estágio de desenvolvimento mental.
Apesar da inexistência de qualquer evidência, da falta de qualquer prova concreta, e do fato de eu mesmo jamais ter tido qualquer experiência que pudesse honestamente classificar sequer como CE0, ou Contato Imediato de Primeiro Grau, dependendo da classificação, havia algo que eu não tinha dúvidas.
Não me parecia lógico que um fenômeno de tão largas proporções fosse completamente baseado em nada! Eu não conhecia exemplos paralelos de que uma teia tão vasta de relatos de eventos, uma homogeneidade tão grande de depoimentos inclusive por parte de cientistas e psicólogos, e todos as outras peculiaridades expostas por uma razoavelmente bem organizada comunidade de pesquisa em geral sem objetivos lucrativos, a comunidade Ufológica, não tivesse por trás de tudo alguma base real.
Portanto, esse era meu refúgio e minha certeza, alguma coisa tinha que haver por trás de tudo aquilo, e nada me parecia mais plausível que a Hipótese Extra Terrestre, ou Intra Terrestre, enfim, que de fato seres com tecnologia mais avançada que a nossa periódicamente nos visitassem.
Porém, um dia, após ter me afastado da excitação ufológica apesar de periódicos estímulos como os filmes Intruders, ou Fire in the Sky, eis que me deparei com uma revistinha sobre seriados de TV, que chamou o embasamento argumentativo de Arquivo X como, "Mitologia" da Série.
Foi o início do Despertar de um sonho que se antes era luminoso, posteriormente com os relatos nada agradáveis das abduções e dos Grays já se tornava "Cinzento".
Eu não acreditava que um fenômeno de massa de tão vastas proporções pudesse existir sem qualquer fundamento real, não conhecia paralelos tão hegemônicos como as por vezes bem desenvolvidas teorias ufológicas, que não fossem resultado de fenômenos autênticos ainda que mínimos e amplificados por lendas e paranóias. Mas na realidade havia sim casos muito similares, sempre houve.
Durante toda a história da humanidade pessoas viveram completamente convictas sobre fatos que jamais viram, suas vidas por vezes eram baseadas, e ainda são, nessas crenças, civilizações foram edificadas sobre elas. As Religiões e seu componente indispensável. A Mitologia.
Passar a ver os fenômenos ufológicos como Mitologia foi uma experiência brusca, impressionante e muito gratificante. Não demorei a perceber logo de imediato todas as implicações fascinantes desse novo enfoque.
Devo dizer antes que sempre fui filósofo, cuja atividade básica é buscar o entendimento da realidade principalmente através da Razão, e em parte pela Intuição, dentro dos limites de sua visão de mundo. Eu já havia concluído que a crença, positiva ou negativa, independe de provas.
Quem está realmente disposto a acreditar, não tem como ser contrariado, pois afinal não se pode provar a não-existência de algo. Mesmo que se demonstrasse de forma muito convincente que todos os relatos sobre OVNIs existentes até hoje fossem improcendentes, o crente poderia simplesmente recusar as evidências e na pior da hipóteses, a possibilidade continuaria existindo.
Da mesma forma, alguém que se recuse a acreditar não tem como ser convencido, pois mesmo a mais impressionante prova física ainda pode ser vista como fraude. Podemos considerar a possibilidade de uma bem orquestrada armação, até mesmo uma organismo complexo aparentemente alienígena poderia ser uma farsa, ou na pior das situações, ainda podemos nos considerar vítimas de uma alucinação.
Portanto eu ja havia descoberto por mim mesmo que acreditar ou não em algo é menos uma questão de evidência empírica do que uma questão de Razão e Emoção. Se nossa escolha emocional decidir, podemos usar a Razão como bem entendermos para validar nossa visão de mundo.
Concluí então que a questão de se os UFOs são Alienígenas ou não, se são reais ou fantásticos, jamais será definitivamente resolvida assim como todo o avanço científico dos últimos séculos não foram capazes de eliminar as religiões nem mesmo nos segmentos mais esclarecidos da sociedade.
Imaginei, imagino, que num futuro, de preferência séculos distante, as pessoas estudarão a nossa época e verão nossas crenças ufológicas não só como uma mitologia de nossa era, mas mesmo como um mistério jamais desvendado, da mesma forma que o foram os milagres de Moíses, a Lenda do Rei Artur, ou a existência de Jesus Cristo.
A Ufologia é uma Mitologia com direito a tudo, seres celestes que se comunicam com pessoas especiais ocorrendo inclusive relações sexuais. Tem lendas famosas como a do Caso Roswell, e direito a lugares idílicos como Área 51. Ou seja, nada substancialmente diferente das crenças de que anjos e mulheres humanas produziram os Nefilins, uma raça híbrida descrita na Bíblia, da lenda de Hércules, ou de locais misteriosos como o Eldorado.
Claro, há peculiaridades únicas na Ufologia, elas são a resposta do sonho humano de não se deixar vencer pelo duro e aparente vazio da realidade. Impossibilitada de desenvolver novas crenças milagrosas em larga escala, pois em menor escala até hoje surgem religiões que alegam eventos mirabolantes, nossa Ufologia possui toda uma roupagem pós moderna exclusiva.
Não temos cavalos alados ou carruagens voadoras, mas temos veículos de uma tecnologia além da humana. Não há um Céu ou um Continente perdido, mas temos outros planetas, outras dimensões ou mesmo o interior da Terra. Não possuímos seres sagrados fazedores de milagres, mas criaturas ultra desenvolvidas dotadas de telepatia e tecnologia quase mágica.
Ufologia, quando vista dessa forma, é isso. Uma deliciosa coletânea de contos das mais diversas estirpes, sintetizados por indivíduos por vezes brilhantes de modo a se tornarem verrossímeis, da mesma forma que Hesíodo e Homero sintetizaram as muitas lendas gregas.
Além disso, a Ufologia como a possuímos é uma importante manifestação da cultura popular, um exemplo fascinante e único de como o imaginário fantástico humano consegue sobreviver e se perpetuar apesar da incessante desmistificação da realidade produzida pelo avanço inexorável de nossa ciência.
Infelizmente, esse espetacular fenômeno de massa, esse evento psicossocial único vem sendo tristemente negligenciado pelos estudiodos. Embora seja sempre importante estudar as antigas religiões e mitos, é lamentável que pouquíssimos estejam dispostos a investigar essa mitologia de nossa era, sendo criada agora.
Não tenho conhecimento de qualquer estudo significativo abordando o fenômeno religioso flagrante que os OVNIs tem desencadeado, com direito a messias de carne e osso como o famoso RAEL, que pode ser visto no site WWW.RAEL.ORG, uma religião ufológica que alega ter milhões de seguidores.
Hoje, sou mais entusiasmado com a Ufologia do que nunca, assim como o sou por Religiões e Mitologias em geral, só me poupo de acreditar em nenhuma delas embora jamais me feche para a possibilidade do fantástico. Sei que em última instância, não temos como ter certeza total.
Digo isso por que mesmo Carl Sagan, que em seu assombroso livro "O Mundo Assombrado pelos Demônios", sepultou de vez meus resquícios de crença em ETs, não conseguiu apresentar um argumento definitivo. Aliás isso não é possivel.
Da mesma forma que os extremos se tocam, e que dizer que "TUDO É MARAVILHOSAMENTE BELO" ou "NADA É ATERRORIZANTEMENTE HORRENDO" tem praticamente o mesmo efeito, ainda resta aos Ufólogos crédulos o irrefutável recurso da inversão absoluta de raciocínio.
Se considerarmos que na verdade foram os ETs que dirigiram toda a jornada humana, ou mesmo pré-humana pelo mundo, que sempre estiveram entre nós e são na verdade a causa de todos os mitos e crenças, e que sendo responsável por pelo menos parte do curso da evolução biológica na Terra sendo então até mesmo fisicamente assemelhados a nós, e se desenvolvermos bem esse argumento, acabamos por criar uma teoria impossível de ser derrubada racionalmente, e como já disse, apesar da favorabilidade da hipótese absolutamente contrária, a escolha ainda é em última instância, íntima e subjetiva.
Eu fiz minha escolha.
Se Eric Von Daniken quer crer que os Deuses foram ETs, para mim os ETs é que se tornaram "deuses".
Mitologia, de nosso rico imaginário popular.
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