Kelly Chase é a apresentadora do renomado canal Cosmosis Podcast, e em seu vídeo intitulado "UFO Narrative Wars: Weaponized Belief in the Age of Disclosure" ela nos trás uma reflexão bastante pertinente e impactante sobre a diversidade de narrativas que existem a respeito do fenômeno OVNI atualmente (na verdade desde o início da ufologia moderna). O canal Cosmosis é conhecido por mergulhar fundo em temas ligados ao fenômeno OVNI, espiritualidade, consciência, e o papel da informação e da desinformação nos bastidores da realidade. O canal tem conquistado uma audiência crescente e fiel por oferecer análises refinadas, questionadoras e emocionalmente inteligentes sobre temas muitas vezes negligenciados ou superficialmente tratados.
Na era em que a revelação sobre OVNIs (ou UAPs) parece estar cada vez mais próxima, o que está em jogo não é apenas o que é verdade, mas como a verdade é construída e percebida. Kelly Chase propõe uma abordagem profundamente reflexiva sobre como a narrativa em torno do fenômeno OVNI está sendo moldada — não apenas por entusiastas ou céticos, mas por agentes da inteligência, jornalistas, e a própria comunidade experiencial. A autora defende que entender as estruturas de controle narrativo é essencial para não sermos meros espectadores manipulados, mas participantes conscientes na busca pelo real.
Quem é Kelly Chase?
Kelly Chase é uma pesquisadora independente e apresentadora do Cosmosis Podcast. Sua trajetória se destaca pela capacidade de analisar com clareza e profundidade as interfaces entre fenômenos inexplicáveis, estrutura de poder e cultura. Chase não se apresenta como alguém com acesso privilegiado a informações classificadas, mas sim como uma investigadora incansável que, ao longo dos anos, tem dialogado com figuras do mundo da inteligência e experienciadores, desenvolvendo um olhar agudo e crítico. Seu trabalho se destaca por valorizar a discernimento acima da crença cega, desafiando tanto os crentes fervorosos quanto os céticos dogmáticos.
O fenômeno OVNI como guerra de narrativas
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Todos os agentes dessa história são fantoches na mão de alguém. |
Kelly começa sua exposição afirmando que o verdadeiro campo de batalha hoje não é a existência dos OVNIs em si, mas a disputa pelo significado do fenômeno. Existe um "cabo de guerra invisível" entre diversas forças: comunidades de experienciadores, agências de inteligência, jornalistas, desinformantes e pesquisadores sinceros — todos competindo para moldar o que será aceito como verdade.
Ela destaca que a própria estrutura da inteligência está desenhada para manipular percepções e administrar crenças. Isso significa que os agentes mais próximos da verdade são também os menos propensos a dizê-la. E não por malícia, mas porque faz parte do ofício: mentir, omitir e manipular são funções essenciais da inteligência institucionalizada.
Pessoas nessas funções não só podem mentir para você. Em muitos casos, elas são obrigadas a isso.
O perigo, segundo Chase, está em terceirizar o discernimento. Ao esperar que alguém nos diga a verdade, especialmente alguém que opera em uma estrutura baseada na ocultação, abrimos mão do nosso poder mais essencial: o de pensar criticamente.
A “cebola secreta”: camadas dentro de camadas de ilusão
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A quantidade de informações conflitantes é enorme - e proposital. |
Nesse modelo, nem mesmo os insiders sabem o todo. São peças úteis: uns espalham desinformação sem saber; outros são heróis fabricados para depois caírem publicamente, desacreditando tudo ao seu redor.
A realidade se torna um segredo de Estado.
O que o público vê é apenas a casca externa: celebridades da ufologia, narrativas heróicas, vazamentos calculados. Tudo isso funciona como contenção narrativa. Até mesmo os dissidentes são úteis ao sistema, desde que operem dentro dos limites aceitáveis.
O papel dos heróis e vilões: teatro e manipulação
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Heróis viram vilões, vilões viram heróis, e todos são fabricados. |
Kelly explora uma das dinâmicas mais poderosas na guerra de narrativas: a criação estratégica de heróis e vilões. A comunidade OVNI funciona como um teatro cuidadosamente encenado, onde insiders são elevados como salvadores e depois destruídos como farsantes — uma performance que envolve o público emocionalmente e desvia o foco do fenômeno em si.
Inspirando-se na ideia do kayfabe, termo da luta livre profissional para designar o acordo tácito de manter as aparências do espetáculo, ela afirma que a comunidade OVNI atua como se as rivalidades e os dramas fossem reais, mesmo sabendo, em algum nível, que são roteirizados. O objetivo? Manter a narrativa sob controle.
Isso faz com que o debate desça para o nível pessoal: não se discute mais o conteúdo da informação, mas a credibilidade de quem a transmite. A credibilidade vira arma. A dúvida, escudo.
Contrainteligência: como se molda a realidade
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É tanta informação que você literalmente se afoga nela. |
A contrainteligência, ou counterintelligence, é apresentada por Kelly Chase não apenas como um sistema de defesa, mas como uma ferramenta ofensiva de controle de percepção. Ela não oculta apenas informações, mas molda o próprio ambiente cognitivo onde elas circulam.
A manipulação da percepção inclui desde campanhas nas redes sociais até a infiltração de fóruns, influenciadores e até mesmo podcasts e conferências. Tudo parece espontâneo — mas quase nada é. E, mais do que silenciar, o objetivo é sobrecarregar: fazer com que o público não consiga mais distinguir o real do falso.
A verdade não precisa ser escondida. Basta enterrá-la sob uma avalanche de versões contraditórias.
Táticas como o “limited hangout” (divulgação parcial e estratégica de verdades) e o uso da regra de Pareto (ou regra 80/20), onde neste contexto as informações apresentam 80% verdade e 20% de mentira são apenas algumas das ferramentas empregadas. Tudo visa um ponto final: a exaustão cognitiva, onde o público desiste de procurar a verdade.
A crença como arma e o controle das massas
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As paixões humanas são facilmente manipuláveis. As crenças inclusive. |
Um dos pontos mais provocativos do vídeo de Kelly Chase é a ideia de que a crença foi transformada em uma arma. Não basta mais aceitar ou rejeitar a existência dos OVNIs — a maneira como você acredita define sua utilidade dentro do jogo narrativo.
A fé cega é uma ferramenta poderosa. Acreditar demais sem questionar torna o indivíduo uma engrenagem previsível. Por outro lado, o ceticismo absoluto também pode ser manipulado para desacreditar experiências autênticas. O sistema explora ambos os extremos, criando uma falsa dicotomia onde qualquer nuance é apagada.
Essa estrutura binária — entre crentes e céticos — é propositalmente estimulada. O objetivo não é revelar a verdade, mas gerar polarização, alimentar o engajamento emocional e desviar a atenção do essencial: a complexidade do fenômeno e as estruturas de poder que o cercam.
O colapso da confiança epistêmica
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A grande crise de confiança: não é mais possível confiar na terceirização da investigação da verdade |
Chase aponta que vivemos um momento de colapso da confiança epistêmica — ou seja, não sabemos mais em quem confiar para obter conhecimento verdadeiro. Isso é o produto final da guerra de narrativas: o descrédito generalizado.
Quando toda fonte é suspeita, inclusive as mais bem-intencionadas, o terreno fica fértil para as teorias mais extremas e a apatia generalizada. Em vez de buscarmos a verdade, passamos a buscar conforto narrativo — aquilo que confirma nossas crenças e nos oferece um senso ilusório de controle.
Desconfiar de tudo é tão perigoso quanto acreditar em tudo.
A reconstrução da confiança não virá de fora, afirma Chase. Ela virá do retorno à intuição crítica, à valorização da ambiguidade e ao reconhecimento de que a verdade pode ser paradoxal.
Como resistir ao controle narrativo
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O discernimento é uma jornada constante de atenção. |
A última parte do vídeo é dedicada à resistência. Segundo Kelly, resistir ao controle narrativo exige mais do que descrença: exige presença, discernimento e empatia. Trata-se de navegar as águas turvas da informação com coragem e humildade.
Ela propõe práticas como a escuta ativa, a análise de motivações por trás das fontes e o cultivo de uma espiritualidade crítica. Em um mundo onde tudo pode ser manipulado, a consciência se torna o último bastião da liberdade.
Acima de tudo, ela convida o público a recuperar o direito de não saber. O mistério não precisa ser solucionado, mas sim honrado. O fenômeno OVNI pode ser tanto externo quanto interno, material e simbólico, real e mítico — e isso não o torna menos digno de atenção.
Concluindo...
O vídeo de Kelly Chase é um convite necessário à lucidez. Em vez de nos oferecer respostas fáceis, ela desmonta as estruturas com as quais buscamos construir certezas em torno do fenômeno OVNI. Sua proposta não é desacreditar o fenômeno, mas questionar quem se beneficia da forma como ele é narrado.
Em tempos de revelações, vazamentos e disputas sobre o que é real, precisamos mais do que nunca cultivar discernimento. Chase nos lembra que a verdade pode ser uma arma, mas o discernimento é um escudo. E que, no fim, o fenômeno OVNI talvez diga mais sobre nós mesmos — nossos medos, desejos, ideologias e esperanças — do que sobre seres de outros planetas.
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