O programa 60 Minutes do canal norte-americano CBS é um dos programas jornalísticos mais respeitados da televisão americana e mundial, conhecido por suas investigações profundas, entrevistas incisivas e reportagens de alta credibilidade há mais de cinco décadas. Em mais um episódio revelador, o programa abordou dois assuntos críticos e intimamente conectados: os misteriosos enxames de drones e objetos voadores não identificados sobre bases militares dos EUA, e a preocupante prontidão da Marinha norte-americana diante da ascensão militar da China.
1. Ameaça no céu: drones misteriosos sobre Langley
A reportagem inicia com relatos alarmantes de drones não identificados sobrevoando a Base Aérea de Langley, na Virgínia, durante 17 noites consecutivas. Cidadãos como Jonathan Butner gravaram vídeos com seus celulares mostrando dezenas de drones com luzes alaranjadas, voando em padrões organizados. Segundo ele, “eles vinham como numa esteira, um atrás do outro”, chegando a ver mais de 40 em uma só noite.
Militares de alta patente, como o general reformado Mark Kelly, testemunharam os eventos. Ele descreveu drones de diversos tamanhos e velocidades, incluindo alguns “do tamanho de um carro pequeno”. O mais alarmante é que os sistemas de radar da NORAD não foram capazes de detectar os drones por voarem em altitudes muito baixas, fora da capacidade dos sistemas projetados na Guerra Fria. O general Van Herk confirmou:
Há uma lacuna de capacidade. Podemos vê-los, mas não de onde vêm.
Apesar das investigações conduzidas por FBI e NORAD, nenhuma conclusão foi apresentada. Um alto funcionário da Casa Branca chegou a sugerir que os drones poderiam ter sido enviados por “hobbyistas”, algo rejeitado pelos oficiais com base na sofisticação dos equipamentos e da coordenação dos voos.
2. Enxames marítimos: ameaças no pacífico e no atlântico
O programa também relembra incidentes semelhantes ocorridos anos antes, como em 2019, quando navios da Marinha dos EUA foram seguidos por drones por semanas na costa da Califórnia. Apesar de registros em vídeo e dados de radar, a origem dos drones nunca foi comprovadamente rastreada. A suspeita recaía sobre um cargueiro com bandeira de Hong Kong, mas nada foi confirmado.
Desde então, instalações sensíveis como a usina nuclear de Palo Verde e bases militares experimentais na Califórnia também foram invadidas por enxames de drones. Em 2024, drones chegaram até mesmo a sobrevoar uma base do Reino Unido onde armas nucleares americanas estão armazenadas. Como disse um oficial:
Eles poderiam lançar bombas ou colidir com nossos caças. Isso é muito sério.
3. O dilema do UAP: reconhecimento oficial e a busca por explicações
O 60 Minutes também trouxe entrevistas com nomes centrais no recente debate sobre OVNIs/UAPs, como Luis Elizondo, ex-chefe do AATIP (Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais). Elizondo destacou que os UAPs são reais e representam uma questão de segurança nacional.
Estamos falando de objetos que fazem manobras impossíveis com nossa tecnologia — sem asas, propulsão visível ou ruído, voando a 13 mil milhas por hora.
Casos clássicos, como o do “Tic Tac” avistado em 2004 por pilotos do USS Nimitz, foram revisitados. Os oficiais David Fraver e Alex Dietrich relataram o encontro com um objeto sem asas, que reagia aos seus movimentos e desapareceu abruptamente após ser interceptado.
Vídeos capturados pela Marinha entre 2014 e 2019, agora liberados pelo Pentágono, mostram objetos realizando manobras que desafiam a física conhecida. “Vimos essas coisas todos os dias durante anos”, afirmou o piloto Ryan Graves. Para Elizondo e outros, é claro: há algo nos céus que desafia explicações convencionais.
4. Vulnerabilidade naval: a ascensão da marinha chinesa
Outro tema abordado no episódio é o crescente desafio militar representado pela China, especialmente no Pacífico. O Almirante Samuel Paparo, comandante da Frota do Pacífico, revelou que a China já possui a maior marinha do mundo em número de navios — 350, contra cerca de 300 dos EUA. Segundo ele:
A marinha chinesa cresceu dez vezes em duas décadas. É uma década de preocupação.
A reportagem visita o porta-aviões USS Nimitz, onde os oficiais americanos expressam preocupações com a prontidão da frota, o ritmo lento de construção de novos navios e o atraso crônico em reparos. O Almirante Mike Gilday, chefe de operações navais, admite que há atrasos e deficiências, mas mantém que a Marinha está pronta para responder, se necessário.
5. Guerra no espaço e no ciberespaço: um novo teatro de conflito
Fontes do Pentágono informaram ao programa que um possível conflito com a China por Taiwan poderá começar no espaço — com o ataque mútuo a satélites, seguido de ciberataques e sabotagem em portos americanos. Uma simulação de guerra revelou que os EUA poderiam perder 20 navios, incluindo dois porta-aviões, mesmo vencendo o conflito.
A combinação de drones intrusos, lacunas em sistemas de defesa e um cenário geopolítico volátil com a China compõe um retrato preocupante. Como resume o senador Marco Rubio: “Não podemos deixar o estigma atrapalhar a busca por respostas. Talvez haja uma explicação simples. Talvez não.”
Concluindo...
O episódio do 60 Minutes escancara duas realidades perturbadoras: o desconhecido que paira nos céus e a possível fragilidade da maior potência naval do planeta. Seja com drones espiões, UAPs inexplicáveis ou navios inimigos à espreita, a necessidade de resposta coordenada, investimento estratégico e transparência é urgente. Em tempos em que o céu já não é mais o limite, a vigilância — em todos os sentidos — se tornou imperativa.
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