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ANTES DOS ATUAIS DENUNCIANTES: O LEGADO DA REVELAÇÃO UFOLÓGICA


Você já ouviu falar , aqui mesmo na Space Paranoia, de denunciantes como David Grusch ou Luis Elizondo revelando segredos sobre OVNIs. Mas o que poucos sabem ou se recordam é que, muito antes deles, pesquisadores civis enfrentaram o silêncio militar e os escárnios da imprensa para documentar recuperações de discos voadores e corpos não humanos. Neste artigo, fazemos um apanhado do que Richard Dolan comenta em seu mais recente vídeo (abaixo), e mergulhamos na fundação civil da pesquisa sobre recuperação de OVNIs acidentados. Prepare-se para revisitar Roswell, conhecer Leonard Stringfield e entender por que essa história não pode ser esquecida.


A distração contemporânea e o esquecimento da base histórica

Richard Dolan inicia com uma crítica ao estado atual da ufologia: em vez de focar no fenômeno em si, o debate gira agora em torno de disputas de ego, previsões infundadas como o “disclosure em 2027” (revelação 2027) e constantes ataques à credibilidade dos envolvidos. Nesse ruído, a pesquisa civil que pavimentou todo esse caminho está sendo ignorada.

O autor chama atenção para uma inversão curiosa: muitos céticos do governo — os mesmos que antes viam nos UFOs um indício de encobrimento — hoje rejeitam relatos de recuperação de OVNIs acidentados por virem justamente de fontes militares. O que se perde é o entendimento de que a base para essas alegações foi construída muito antes, e com muito menos acesso institucional.

Ignorar esse legado facilita a ação de céticos rasos, que descartam testemunhos de militares atuais por desconhecerem o peso acumulado de décadas de relatos, documentos e investigações independentes.


Leonard Stringfield e o nascimento da pesquisa sobre a recuperação de OVNIs acidentados

Leonard Stringfield é, para Richard Dolan, o maior pioneiro do tema de recuperação de OVNIs acidentados. Em 1978, num simpósio da MUFON, ele apresentou o artigo “Retrievals of the Third Kind”, que foi o primeiro esforço sistemático para documentar alegações de recuperação de discos e corpos alienígenas por governos.

Stringfield entrevistou militares, civis e agentes de inteligência. Suas fontes, quase sempre anônimas por questões de segurança, formaram a espinha dorsal dos sete volumes de sua série UFO Crash Retrievals: Status Reports, publicados entre o final dos anos 1970 e sua morte em 1994. Ele cuidava pessoalmente de proteger suas fontes, mesmo que isso o tornasse alvo de críticas por apresentar dados essencialmente testemunhais.

Dolan destaca que o trabalho de Stringfield não foi superado nem pelas revelações mais recentes, dada sua amplitude, profundidade e rigor. Ele compilou histórias que envolvem desde guardas de corpos não humanos até transporte de destroços para bases como Wright-Patterson. Stringfield, mesmo sem internet ou redes sociais, construiu um verdadeiro dossiê sobre um dos temas mais controversos da história humana.


O caso Roswell sob o olhar de Stringfield

Embora o caso Roswell já tivesse alguma visibilidade desde 1947, foi com os trabalhos de Leonard Stringfield, Stanton Friedman e William Moore que ele se transformou num marco da ufologia. A publicação de The Roswell Incident em 1980 impulsionou o tema, mas foi Stringfield o primeiro a publicar declarações de Jesse Marcel, o oficial de inteligência que recolheu os destroços originais.

Marcel descreveu materiais com aparência de papel alumínio, mas impossíveis de amassar ou rasgar. Ele também viu símbolos semelhantes a hieróglifos. Quando questionado se poderia ser um balão meteorológico ou parte do Projeto Mogul, foi taxativo: “O material que coletei não se parecia com nada vindo de um balão”.

Outros testemunhos importantes documentados por Stringfield incluem:

  • Safo Henderson, esposa do piloto Oliver “Pappy” Henderson, que disse ter transportado o disco acidentado até Wright Field e manteve o segredo até 1981;
  • Melvin Brown, cujo relato foi transmitido por sua filha, afirmando que ele viu dois corpos pequenos com cabeças grandes, olhos puxados e aparência amarelada, guardados com gelo.


Corroborações e ligações surpreendentes

Stringfield foi além dos relatos principais. Ele localizou membros da tripulação de um B-29 que transportou uma caixa misteriosa sob forte escolta militar de Roswell a Fort Worth. Dois desses homens, Robert Slusher e um soldado identificado como “Tim”, descreveram o alto nível de segurança e a presença de um agente funerário na recepção. Um dos tripulantes comentou: “Agora fazemos parte da história.”

Essas histórias não estão isoladas. Há padrões recorrentes: voos com rotas sigilosas, forte segurança, testemunhas ameaçadas, artefatos com propriedades incomuns, corpos preservados com gelo e símbolos desconhecidos. Stringfield também documentou relatos sobre a chamada “blue room” (também chamada de Hangar 18) da base Wright-Patterson, onde supostamente se armazenavam artefatos alienígenas.

Jim Marrs, jornalista investigativo, corroborou muitos desses relatos com testemunhos de veteranos da base de Fort Worth. Ele foi um dos primeiros jornalistas a escrever sobre a recuperação de OVNIs acidentados nos anos 1970, trazendo à luz informações antes restritas ao meio militar.


A guerra interna no Pentágono e o valor da história

Dolan argumenta que, mesmo dentro do Pentágono, sempre houve divisões sobre o que fazer com a verdade sobre UFOs. O major Donald Keyhoe já relatava nos anos 1950 que existiam fações dentro das forças armadas — algumas defendendo transparência, outras promovendo o silêncio absoluto.

O mesmo vale hoje. Embora existam denunciantes sérios e comprometidos, há também uma resistência feroz por parte de setores militares e de inteligência. Segundo Dolan, achar que tudo é uma “operação de enganação” só faz sentido para quem não conhece a história civil que sustentou esse tema por mais de 70 anos.

Aos que hoje duvidam das alegações dos denunciantes, ele responde: Leiam os livros de Stringfield, Friedman, Howe e outros — a história já foi contada por muitas vozes antes das atuais.


Concluindo...

Este vídeo de Richard Dolan — e agora este artigo — servem como um lembrete poderoso: a verdade sobre UFOs não começou com os denunciantes do século XXI. Ela foi escavada, preservada e documentada por pesquisadores civis que enfrentaram muita zombarias, ameaças e isolamento. Ignorar esse legado é não apenas injusto, mas perigoso.

Se quisermos realmente encerrar o chamado “embargo da verdade”, como defende Steve Bassett, precisamos primeiro reconhecer quem deu os primeiros passos nessa longa jornada.

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