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"UFOLOGY, A CONTEMPORARY FOLKLORE", DE JEAN-MICHEL ABRASSART


A ufologia é um campo fascinante, repleto de mistérios, debates e crenças profundamente enraizadas na cultura popular. O trabalho de Jean-Michel Abrassart se destaca ao abordar a ufologia sob uma perspectiva antropológica e sociológica, analisando-a como um tipo de folclore moderno. Seu artigo "Ufology, a Contemporary Folklore", publicado na revista SUNlite, explora a forma como os relatos de OVNIs e abduções se encaixam em padrões narrativos clássicos e mitológicos, desmistificando muitos dos casos mais famosos.


Quem é Jean-Michel Abrassart?

Jean-Michel Abrassart é um acadêmico com vasta experiência no estudo da ufologia sob a ótica do ceticismo e da análise cultural. Seu trabalho se concentra em como os relatos ufológicos refletem aspectos mitológicos e psicológicos presentes em diversas sociedades ao longo da história. Abrassart é um nome respeitado dentro da comunidade de estudos de folclore e paranormalidade, oferecendo uma abordagem crítica sobre fenômenos considerados sobrenaturais.


O que o artigo aborda?

O artigo "Ufology, a Contemporary Folklore" propõe que a ufologia não deve ser vista apenas como um campo de investigação sobre fenômenos inexplicáveis, mas também como um sistema de crenças que segue padrões semelhantes ao folclore tradicional. O autor argumenta que muitos dos relatos de encontros com alienígenas seguem estruturas narrativas já conhecidas, parecidas com lendas urbanas e contos mitológicos.


Os principais temas do artigo

1. A repetição de narrativas

Abrassart demonstra que os relatos de avistamentos de OVNIs e abduções frequentemente apresentam elementos recorrentes. Ele compara esses relatos a mitos antigos sobre encontros com entidades sobrenaturais, argumentando que os alienígenas modernos assumiram o papel que fadas, anjos e demônios tiveram no passado.

Por exemplo, muitos casos de abdução seguem um padrão específico: a vítima é levada contra sua vontade, submetida a exames médicos e retorna com memórias fragmentadas. Esse padrão é semelhante a lendas medievais sobre encontros com seres feéricos, onde humanos eram levados para reinos mágicos e retornavam com lembranças nebulosas. O autor cita o caso clássico de Betty e Barney Hill, em que os abduzidos descreveram exames médicos realizados por seres de aparência humanoide, lembrando antigas histórias de sequestros por espíritos ou fadas.

2. A influência da cultura popular

O autor discute como filmes, livros e programas de televisão moldam e reforçam a crença em OVNIs. O caso das "Luzes de Phoenix", por exemplo, é frequentemente citado como evidência de atividade extraterrestre, mas Abrassart argumenta que o sensacionalismo da mídia transformou um evento possivelmente natural em uma "prova" de visitas alienígenas.

Ele também menciona a influência do cinema, como os filmes de Steven Spielberg (Contatos Imediatos do Terceiro Grau), que ajudaram a estabelecer imagens icônicas de como os alienígenas e seus veículos deveriam parecer. Isso cria um ciclo no qual a cultura popular alimenta crenças, que por sua vez geram novos relatos que reforçam esses mesmos estereótipos. Outro exemplo citado é o impacto da série Arquivo X, que popularizou a ideia de conspirações governamentais sobre extraterrestres e influenciou diretamente a maneira como as pessoas interpretam avistamentos de OVNIs.

3. O papel das fraudes e da desinformação

Outro ponto central do artigo são as fraudes dentro da ufologia. O autor menciona exemplos clássicos, como os documentos MJ-12 e a filmagem da autópsia alienígena dos anos 1990. Esses eventos, segundo Abrassart, serviram para desacreditar estudos sérios sobre OVNIs, misturando informações falsas com relatos genuínos.

Ele enfatiza que muitos dessas fraudes se espalham porque as pessoas desejam acreditar, e não porque há evidências concretas. O desejo de encontrar provas da existência extraterrestre muitas vezes leva investigadores a ignorar inconsistências óbvias. O autor cita o caso da fraude de Billy Meier, um suíço que alegava ter contato com alienígenas e forneceu diversas fotografias manipuladas, que foram desmascaradas anos depois como montagens rudimentares.

4. O impacto psicológico das experiências ufológicas

O artigo também analisa a experiência subjetiva dos indivíduos que relatam encontros com alienígenas. Abrassart sugere que muitos desses eventos podem ser explicados por estados alterados de consciência, como paralisia do sono, hipnose ou até mesmo influências culturais inconscientes.

Muitos abduzidos descrevem sensações semelhantes a episódios de paralisia do sono, um fenômeno neurológico bem documentado. Isso reforça a ideia de que as experiências podem ser interpretadas de acordo com as crenças do indivíduo: no passado, essas sensações eram vistas como ataques de demônios ou encontros com espíritos; hoje, são interpretadas como abduções alienígenas. Um exemplo abordado no artigo é o caso de Whitley Strieber, autor de Communion, que descreveu experiências de abdução que, segundo análises posteriores, podem estar relacionadas a episódios de paralisia do sono e intensa sugestão hipnótica.


Conclusão

Jean-Michel Abrassart apresenta uma análise profunda e bem fundamentada sobre a ufologia como um fenômeno cultural, argumentando que ela deve ser estudada não apenas do ponto de vista científico, mas também como uma manifestação do folclore moderno. Seu artigo reforça a importância de uma abordagem crítica e cética, ao mesmo tempo que reconhece a relevância dos relatos ufológicos como parte do imaginário coletivo.

Ao examinar os padrões narrativos, a influência da mídia e o impacto psicológico desses relatos, Abrassart oferece uma explicação convincente para o fenômeno ufológico, sem necessariamente negar que eventos inexplicáveis possam ocorrer. Em última análise, seu trabalho contribui para um debate mais equilibrado e informado sobre o assunto, separando fatos de crenças e explorando o fascinante cruzamento entre mito, cultura e ciência.

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