Caçar civilizações alienígenas não é apenas uma questão de sentar esperar que elas apareçam; é o trabalho árduo de vasculhar enormes volumes de dados para procurar neles sinais peculiares. A boa notícia é que os astrônomos já desenvolveram um método eficiente para fazer exatamente isso. A má notícia é que eles não encontraram nada... pelo menos não ainda.
Parece ser uma suposição razoável que, se outras civilizações existem no Universo, eventualmente elas descobrirão como emitir poderosas transmissões de rádio. Ondas de rádio são capazes de atravessar grandes distâncias interestelares, então elas são um ótimo cartão de visitas. Esta é a suposição fundamental para a busca por inteligência extraterrestre (SETI). Sinais de rádio estranhos podem ser um sinal de uma transmissão artificial de uma espécie alienígena.
Mas nossa galáxia, a Via Láctea, está nadando em emissões de rádio de todos os tipos, desde aquelas geradas por estrelas explodindo até aquele zumbido vibracional do campo magnético da galáxia. Além disso, a humanidade desenvolveu uma predileção particular por transmissões de rádio, então qualquer busca por alienígenas por detecção de ondas de rádio deve lidar com enormes quantidades de sinais causados pelos próprios humanos.
Buscas SETI anteriores escanearam grandes áreas do céu e sinalizaram qualquer coisa interessante que descobrisse. Então, pesquisadores vasculharam os resultados sinalizados manualmente, buscando sinais de transmissão artificial enquanto descartavam causas potenciais de interferência humana.
Pesquisas anteriores do SETI também não deram resultado algum — o que não é uma grande surpresa, já que essa técnica parcialmente manual limita a quantidade de dados que qualquer equipe de pesquisa consegue processar.
Mas eis que entra em cena o COSMIC, ou Commensal Open-source Multi-mode Interferometric Cluster (Cluster Interferométrico Multimodo de Código Aberto Comensal). O COSMIC é um sistema computadorizado baseado em hardware e software que se baseia no Very Large Array chamado Karl G. Jansky, que é o icônico conjunto de antenas e de estações de rádio telescópio localizado no deserto do Novo México.
O COSMIC foi projetado para automatizar o processo de buscas SETI o máximo possível. Ao combinar processamento rápido e uma série de filtros restritivos, o sistema busca sinal após sinal, decidindo se é provável que seja artificial e, se for, determinando se ele corresponde à assinatura de alguma fonte terrestre conhecida.
Particularmente falando, o COSMIC procura por sinais de rádio que sejam muito bem focados, sugerindo que eles vêm de uma fonte muito pequena, como uma superfície planetária. Em seguida, ele procura por deslocamento Doppler desse sinal de rádio. Se o sinal vier de um planeta, o movimento do planeta deslocará o sinal para o vermelho ou para o azul de seu espectro, dependendo se o planeta está se afastando ou se aproximando de nós quando o sinal foi emitido. Se o sistema encontrar um sinal que corresponda a essas propriedades, ele será sinalizado e avançará para o próximo estágio de filtragem.
Em seguida, os astrônomos por trás do COSMIC analisam as propriedades das emissões de rádio terrestres. Essas emissões artificiais indesejadas possuem propriedades estatísticas únicas. Se o sinal de interesse sinalizado corresponder a essas propriedades, ele é rejeitado por ser identificado como de origem humana. Quaisquer sinais restantes são então sinalizados para revisão posterior.
O sistema COSMIC é parte do VLA Sky Survey, que completou uma varredura de aproximadamente 82% do céu do Hemisfério Norte. Ao todo, o sistema COSMIC analisou mais de 950.000 apontamentos individuais do telescópio. Embora o sistema tenha inicialmente sinalizado milhares de sinais potencialmente interessantes, nenhum sobreviveu a todas as etapas de filtragem.
Em outras palavras, uma busca profunda de rádio em uma boa parte do Hemisfério Norte não encontrou sinais de rádio artificiais de origem não-humana.
Embora isso seja inicialmente desanimador, esse resultado ainda representa um avanço importante em nossa busca por vida alienígena . Podemos usar esses dados para restringir as probabilidades de vida aparecer em qualquer planeta, e agora temos uma ferramenta valiosa para coletar e processar dados em pesquisas futuras, que podem revelar algo muito mais interessante.
Livre tradução do artigo I want to believe — but yet another massive search for alien technosignatures just turned up nothing publicado em 19/02/2025 por Paul Sutter no site SPACE.COM disponível em https://www.space.com/alien-radio-signals-search-empty
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