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LE PORTE DES TÉNÈBRES - OCULTIMO PARA TODOS?


Há um novo vídeo no nosso canal no Youtube, veja abaixo a transcrição ou assista ao vídeo se assim desejar.

Se você estivesse andando pelas ruas de Toulouse, na França, nos últimos dias 25,26 e 27 de outubro de 2024, você iria se deparar com alguma cenas impressionantes. Você veria uma aranha gigante, um Minotauro colossal e uma figura demoníaca, meio mulher, meio escorpião, caminhando pelas ruas, seguidos por uma multidão de pessoas. Para alguns, tratou-se apenas de uma memorável demonstração de arte moderna. Para outros, foi uma ópera sombria, repleta de acusações de simbolismo ocultista e até mesmo satânico.

Nesta nova performance, a companhia "La Machine" apresentou seres mecânicos gigantes, que pareciam saídos de um conto mitológico, ao som de música orquestrada tocada ao vivo, acompanhada por cantores de ópera. O Minotauro, símbolo de poder e mistério, e a Aranha, uma figura que muitos associam ao sinistro, movimentaram-se com precisão assustadora. Já a mulher demônio, que na verdade representava Lilith, guardiã das trevas, deve significar qualquer coisa misógina e obscura, disfarçada de "avant-garde" para ser adorada por pessoas desavisadas como algo divertido, um símbolo de empoderamento ou qualquer outra besteira semelhante.

Os organizadores chamam isso de "Ópera Urbana". E apesar do fabuloso trabalho de engenharia e design aplicado ao espetáculo serem impressionantemente bem feitos, a simbologia adotada é no mínimo estranha. O Minotauro é uma figura poderosa na mitologia, ligado ao sacrifício humano e à dominação. Já a Aranha, com sua habilidade de tecer e capturar, lembra o público da manipulação e do controle. Lilith por sua vez inspira sedução, perigo e segredos misteriosos que apenas a guardiã das trevas pode revelar. Apesar da simbologia legada pelos organizadores ser outra, alguns espectadores acreditam que esses arquétipos não foram escolhidos por acaso.

Se para os organizadores esta imagens são apenas personagens de uma história de fantasia, uma espécie elegante de alegoria iconográfica e artística de protetores mágicos da cidade de Toulouse, para muitos outros foi uma exibição pública de um ritual. Um ritual que sutilmente evoca o poder sombrio e o controle sobre as massas, quer os organizadores saibam ou não.

Nas redes sociais e entre estudiosos do simbolismo, as reações foram intensas. Para alguns, esse espetáculo foi mais que uma exibição artística. Foi, na verdade, uma forma de familiarizar, acostumar e dessensibilizar o público a alguns ícones sombrios. Um verdadeiro "happening" dentre tantos outros que vem ocorrendo há séculos, promovendo sutilmente novas crenças pagãs e ocultistas, disfarçado de arte e entretenimento.

Seria essa Ópera Urbana parte de um plano para normalizar o ocultismo?

Em tempos de crescente influência de culturas alternativas, eventos como este são acusados de trazerem ao inconsciente coletivo uma aceitação do que antes era rejeitado. Isso traz fortes dúvidas sobre como a arte e o entretenimento podem ser usados. A arte sempre foi um espaço para expressão, inclusive de temas sombrios. No entanto, o uso de figuras como o Minotauro, a Aranha e Lilith, em escala tão grandiosa, levanta questionamento sobre até onde estamos nos acostumando com o sinistro. Para muitos, eventos assim servem para aclimatar o público ao que alguns chamariam de rituais ocultistas.

A questão é: estamos prontos para entender a diferença entre entretenimento inocente e entretenimento usado como peça de propaganda para o ocultismo?

Neste caso específico, os eventos da companhia "La Machine" geralmente visam revitalizar o espaço público, promovendo intercâmbio cultural e oferecendo uma experiência artística que transcende os limites de performances convencionais. Eles misturam elementos tecnológicos e mecânicos com storytelling para encantar o público, explorando temas de identidade, folclore e conexões culturais. François Delaroziere, criador dos espetáculos, lidera essa visão artística, e o financiamento dos espetáculos vem de fontes públicas e privadas que variam dependendo do projeto e do local.

A versão oficial é que as máquinas do espetáculo possuem estas formas pois remetem a criaturas mitológicas, a fim de evocar arquétipos, lendas e mitos que ressoam com o público em um nível profundo. As formas de design são portanto pensados para causar impacto visual e emocional, fazendo uso de figuras que despertam a imaginação e conectam com simbolismos universais. Tem como objetivo oferecer uma experiência sensorial única, promovendo uma conexão emocional com o público e reinterpretando histórias mitológicas com elementos modernos.

Ainda na versão oficial, o Minotauro remete a temas de força, dualidade e conflito interno, enquanto que a Aranha é frequentemente associada à teia do destino e à conexão entre passado, presente e futuro. Já Lilith parece ter sido colocada ali como uma clara e polêmica provocação, devido ao seu simbolismo, que remonta lendas associadas a demonologia e ao feminismo. Estranho, já que foi a prefeitura de Toulouse que financiou o espetáculo ao custo de 4,7 milhões de euros. Estariam os políticos da cidade em busca de causar polêmicas com a igreja?

Ainda segundo os organizadores, o uso dessas formas também reflete o desejo de transformar o ambiente urbano em uma experiência sensorial e interativa, convidando os espectadores a reinterpretar a cidade e seus espaços de maneira simbólica e metafórica.

Mas, como falei a pouco, será que eventos como este são apenas o que dizem ser? Uma experiência estética, um entretenimento moderno e até certo ponto inocente? Ou estamos presenciando, ano após ano, obra após obra, uma popularização de símbolos sombrios na cultura? Estariam seus idealizadores criando estas obras de maneira inocente, incluindo nelas simbolismos e narrativas ocultistas sem que percebam, por já serem eles próprios frutos de uma dessensibilização cultural de séculos? Ou estariam fazendo isso deliberadamente?

A fronteira entre arte e ritual podem ser bastante tênues, e cada um pode interpretar a seu modo.

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