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BURAÇÃO NEGRO - SAGITTARIUS A*


Há um novo vídeo no nosso canal no Youtube, veja abaixo a transcrição ou assista ao vídeo se assim desejar.

Você já ouviu falar que no coração da Via Láctea existe um monstro cósmico invisível capaz de devorar estrelas inteiras, além de distorcer o próprio tecido do espaço-tempo?

Esse monstro é conhecido como Sagitário A*, um buraco negro supermassivo ao redor do qual todas as estrelas e planetas de nossa galáxia orbitam. Mas com um poder tão imenso, porque ele não está sugando a nossa galáxia inteira, incluindo a Terra? Que forças tão minuciosamente equilibradas sustentam o equilíbrio cósmico no qual todos nós estamos inseridos? E que mistérios e Segredos estes objetos supermassivos escondem?

Para entender o que acontece no centro da nossa galáxia, primeiro precisamos compreender o que é um buraco negro.

Um buraco negro é uma região do espaço onde a gravidade é tão intensa que nada, nem mesmo a luz, pode escapar. Ele se forma quando uma quantidade de matéria extremamente densa, como uma estrela gigantesca que tenha queimado todo o seu combustível, colapsa sobre si mesma, criando uma singularidade.

Uma singularidade por, sua vez é, um ponto de densidade infinita, cercado por uma superfície chamada Horizonte de Eventos. Essa fronteira marca o ponto do qual a matéria e a radiação, em todos os seus espectros, não podem retornar. Buracos negros são detectados indiretamente, por seus efeitos gravitacionais em objetos próximos, e também pela radiação emitida pela matéria, quando ela é aquecida ao ser atraída para seu centro.

O que temos no centro da Via Láctea, porém, é uma versão ainda mais impressionante. Trata-se de um buraco negro supermassivo, com a massa de cerca de 4 milhões de sóis. Sagitário A* é tão denso e poderoso que nada que cruze o seu Horizonte de Eventos pode voltar.

Mas se ele é tão devastador, por que não suga toda a galáxia?

Na Terra, sentimos a gravidade do nosso planeta a todo momento. Mas no espaço, essa força se comporta de maneira diferente. Quanto mais longe você está de um objeto massivo, menos influência gravitacional ele exerce sobre você. Mesmo o gigantesco Sagitário A* segue essa regra.

As estrelas e planetas da Via Láctea não são sugados porque estão em órbita. Elas estão longe o suficiente para que a gravidade do buraco negro não as puxe diretamente. Em vez disso, elas se movem em torno do centro galáctico, assim como a Terra orbitando o Sol.

Além disso, o Horizonte de Eventos, que é a linha além da qual não há retorno, é uma região relativamente pequena em comparação com o tamanho da galáxia. Sagitário A* só consegue devorar o que chega muito perto. E essa distância é pequena quando comparada ao vasto espaço ao redor dele.

O conhecimento científico sobre os buracos negros sempre progrediu com o avanço da física. Sua primeira formulação foi em 1783, pelo físico e matemático John Michell. Sua teorização moderna no entanto foi feita por Einstein em 1915, dentro de sua teoria da relatividade geral. O físico alemão Karl Schwarzschild fez contribuições em 1916, assim como Roger Penrose e Kip Thorne em 1965. John Archibald Wheeler avançou mais ainda o conhecimento sobre eles em 1967. Mas foi o físico Stephen Hawking em 1974 que promoveu os maiores avanços sobre sua compreensão.

Mas, apesar de este avanço, estes fabulosos objetos astrofísicos ainda guardam muitos mistérios e segredos. Não é surpresa portanto que eles estimulem a curiosidade, e em alguns casos, a imaginação em filmes, livros, séries de TV e todo tipo de material de ficção.

Tal interesse acabou também levando a criação de algumas teorias da conspiração. Uma das mais conhecidas sugere que os buracos negros podem ser portais para outras dimensões. De acordo com essa antiga teoria, que ganhou força em fóruns de conspiração na Internet e se tornou popular em diversas obras de ficção científica, buracos negros poderiam não apenas destruir matéria, mas também transportá-la para um Universo paralelo.

Outra teoria popular entre os conspiracionistas é que o governo tem conhecimento de buracos negros menores, ou mini buracos negros, criados artificialmente por cientistas em instalações avançadas, como o famoso acelerador de partículas CERN. O CERN inclusive já explicou que alguns de seus experimentos têm, de fato, modelos que preveem a criação de minúsculos buracos negros quânticos, que são absolutamente seguros e muito úteis na pesquisa científica. Os teóricos acreditam no entanto que experimentos conduzidos nestas instalações, em busca de partículas subatômicas exóticas poderiam criar buracos negros que ameaçariam a integridade física de nosso planeta.

Embora a ciência descarte essas ideias como improváveis ou até impossíveis, elas continuam a intrigar muitas pessoas, e alimentar longas discussões.

Por outro lado, há hipóteses mais exóticas ainda vindas da própria comunidade científica.

Alguns físicos teorizam que o núcleo de um buraco negro poderia não ser o fim de toda a matéria, mas sim um ponto de passagem, o que dá origem à ideia dos buracos de minhoca, que são atalhos através do tecido do espaço-tempo. Embora fascinante, até agora não temos evidências concretas de que buracos de minhoca realmente existam ou que possam ser usados como portais interdimensionais.

Outra hipótese exótica sugere que os buracos negros poderiam ser restos de uma civilização extremamente avançada, que aprendeu a manipular a energia escura e criou buracos negros como uma forma de viajar ou armazenar energia. Essa ideia, embora interessante, ainda está no campo da ficção científica. Mesmo cientistas famosos como Neil deGrasse Tyson e Michio Kaku, referem-se ela como um cenário possível, mas altamente especulativo.

Então, o que sabemos com certeza?

Sabemos que Sagitário A* é uma força colossal no centro da nossa galáxia. Mas longe de ser um devorador de mundos, ele é na verdade o grande ponto de ancoragem gravitacional da Via Láctea, que deve boa parte de sua coesão e estrutura atuais a ele.

Na verdade, a maioria das grandes galáxias que a humanidade já conseguiu estudar possuem buracos negros supermassivos em seus núcleos, apesar de algumas não o terem, como várias galáxias menores ou galáxias anãs. No nosso caso, as estrelas ao redor de Sagitário A* estão em órbitas estáveis, e a Terra está segura, a 26.000 anos luz de distância.

No final, Sagitário A* nos lembra de que o Universo é vasto e cheio de mistérios. E quanto mais entendemos sobre ele, mais percebemos que nossa própria existência depende do delicado equilíbrio entre forças que ainda estamos tentando compreender.

Sagitário A* pode de ser uma força poderosa, mas ele não é uma ameaça imediata para nós. Pelo contrário, é uma peça fundamental no quebra-cabeça cósmico da nossa galáxia. A ciência continua a explorar suas propriedades, e quem sabe, talvez no futuro, possamos descobrir ainda mais mistérios escondidos no centro da Via Láctea.

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