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ADIFO - "ALL-DIRECTIONAL FLYING OBJECT"


Contra o céu claro, uma aeronave que parece muito com dois pratos colocados um em cima do outro de repente sobe no ar. Avançando rapidamente, enquanto o objeto passa, é quase impossível não sentir uma repentina conexão com o piloto Kenneth Arnold. Mas, diferente do famoso avistamento de disco voador de 1947 de Arnold, esse objeto voador em particular pode ser identificado. Ele é a criação do engenheiro Razvan Sabie e do aerodinamicista Iosif Taposu, dois romenos que dizem ter inventado um disco voador totalmente funcional.




Sem dúvida, o All-Directional Flying Object, ou ADIFO, parece mesmo aquele velho estereótipo de disco voador. Mas os criadores do ADIFO dizem que a inspiração para sua aeronave não veio do folclore dos OVNIs. Em vez disso, eles dizem que o design em disco visa imitar a seção transversal traseira do aerofólio de um golfinho.

Em sua primeira entrevista para a mídia americana, o inventor Razan Sabie disse que o ADIFO não é trabalho de um audacioso cientista louco. “A aerodinâmica por trás da nave é resultado de mais de duas décadas de trabalho, é bem fundamentada por centenas de páginas, e confirmada por simulações de computador e testes em túnel de vento”, explicou Sabie. O parceiro dele, Iosif Taposu, é um ex-cientista sênior do Instituto Nacional de Pesquisa Aeroespacial da Romênia, e chefe de Aerodinâmicas Teóricas do Instituto Nacional de Pesquisa Aeroespacial. No artigo que escreveram, eles não parecem ser engenheiros de fundo de quintal ou hobistas.

Operando como um quadricóptero, o ADIFO “decola, pousa e faz manobras em baixa velocidade” através de quatro ventiladores de duto. Dois motores a jato localizados na traseira do disco voador fornecem o impulso horizontal. Sabie diz que o sistema de propulsão dupla pode se dirigir individualmente, permitindo ao ADIFO um alto grau de agilidade durante voo nivelado. O design único do ADIFO tem um par de bicos de empuxo laterais de cada lado do disco, o que permite que ele se impulsione rapidamente para os lados em qualquer direção, ou gire rapidamente durante o voo.

IMAGEM: RAZVAN SABIE

Sabie e Taposu revelaram o protótipo operacional de 1,2 metro na primavera deste ano. Segundo Sabie, um modelo em escala maior do disco voador poderia representar “um novo e revolucionário paradigma de voo”. Sabie diz que o formato incomum do ADIFO “é 'natural' para voo supersônico”. Ele afirma que o design pode “reduzir ondas de choque na superfície do disco”, evitando assim a ocorrência de estrondos sônicos durante voos transônicos. Ele acredita que o disco será capaz de “transições laterais repentinas e guinadas súbitas”, além de “transições suaves durante voo subsônico para supersônico”.


Segundo o guia para a mídia, “O único limite para manobras é a imaginação do piloto”.

UMA VISUALIZAÇÃO DOS TIPOS DE PROPULSÃO DO ADIFO.

Mas antes de marcar seu voo num disco voador, é importante lembrar que essa não é a primeira vez que a humanidade lida com esse tipo de tecnologia.

Em 1932, outro engenheiro aeroespacial romeno, Henri Coanda, desenvolveu um protótipo de disco voador em pequena escala. Doze anos antes de um disco voador supostamente cair em Roswell, Novo México, em 1936 Coanda até conseguiu assegurar uma patente para seu “Dispositivo de Propulsão”. Infelizmente, nenhuma versão em grande escala do aparelho, que voava usando gases de alta pressão fluindo através de um sistema de ventilação em formato de anel, foi construída. Em vez disso, Coanda teve que se conformar em ficar conhecido por descobrir o “Efeito Coanda” – a física por trás da razão para uma bola de pingue-pongue girando poder ser suspensa por um jato de ar diagonal.


O ESQUEMA DO AVROCAR DO MANUAL VZ-9. FONTE: DOCUMENTOS LIBERADOS PELA FORÇA AÉREA DOS EUA.

Anos depois, a tentativa mais notável de desenvolver um disco voador feito pelo homem veio no final dos anos 1950, com o designer de aeronaves britânico John “Jack” Frost.

Financiado pela Força Aérea americana, a versão inicial de Frost era uma aeronave de combate em formato de disco, capaz de atingir de mais de 3,5 a velocidade do som [4.321 km/h] e altitudes de 30 mil metros. Chamado de Y-2 “Flat Riser”, Frost acreditava que ele podia decolar e ser impulsionado usando o efeito Coanda da exaustão produzida por um único “turborotor”.

Operando com o codinome “Projeto 1794”, depois de três anos de design e testes, os resultados foram um protótipo Y-2 que pegou fogo três vezes, e depois de um teste em 1956, onde o motor a jato Viper da aeronave “enlouqueceu”, até a equipe ficou com medo do veículo.

Em 1958, Frost desmantelou o Y-2 e decidiu criar um disco voador menor, apelidado de “Avrocar”. Não sendo mais uma aeronave de combate de grandes altitudes, o exército americano comprou a ideia, considerando o Avrocar como um eventual substituto para o jipe e o helicóptero.

Infelizmente, o Avrocar tinha problemas de controle de voo igualmente sérios. Como o piloto de testes da NASA Fred J. Drinkwater III disse: “Voar como o Avrocar era 'como tentar se equilibrar em cima de uma bola de praia'”. Em 1961, depois que ficou determinado que voar acima dos 3 mil metros era “perigoso, se não quase impossível”, o financiamento do Avrocar foi cancelado.

Depois do Avrocar, outras pessoas afirmaram, embora sem fundamento, que tinham criado um verdadeiro disco voador. O engenheiro Paul Moller está há quase 50 anos tentando desenvolver um, mas ainda não entregou sua promessa de um hovercraft estilo disco voador barato, o Moller M200G Volantor. Se você não está contando com as naves alienígenas em que o governo americano está fazendo engenharia reversa escondido na Área 51, o ADIFO fica sendo o primeiro disco voador terrestre do mundo.



Mas Sabie avisou que o protótipo atual do ADIFO “é um modelo muito, muito básico do que temos em mente”, o chamando de “a ponta do icebergue” do que eles pretendem fazer. Em vez dos motores a jato propostos, o protótipo atual do ADIFO é impulsionado usando dois pequenos ventiladores elétricos. Sabie diz que o próximo estágio do desenvolvimento vai envolver simulações mais complexas, testes em túnel de vento, e desenvolver o sistema de controle para demonstrar que o disco será capaz de viajar em velocidades transônicas e supersônicas.

Até agora, Sabie disse que um grande fabricante de aeronaves, duas entidades do governo e mais de 10 possíveis parceiros e fundos de investimento o contataram para expressar interesse no ADIFO, apesar de a Motherboard não ter conseguido verificar independentemente essas alegações. Com o protótipo tendo sido completado usando fundos pessoais, “para continuar precisamos de parceiros”, disse Sabie. No momento, o que eles fizeram é um quadricóptero mais chique, mas com recursos que os quadricópteros não têm.

Considerando o passado problemático dos discos voadores, a lógica sugere que as chances do ADIFO revolucionar a aviação não são muito boas. Claro, ouvindo a confiança de Sabie em tudo que o ADIFO é capaz, a gente fica imaginando se alguém como o governo americano, com bilhões e bilhões de dólares à disposição, já está pensando em esconder o projeto num programa ultrassecreto. Além disso, é difícil negar que os supostos recursos do ADIFO têm várias similaridades com alguns dos estranhos objetos voadores que os pilotos americanos dizem ter visto recentemente nas costas dos EUA.

Ainda não temos como saber se o ADIFO terá sucesso. Mas um dia esperamos poder dizer com certeza: discos voadores são reais!



Reprodução do artigo "Engenheiros romenos criaram um disco voador totalmente funcional" do VICE Brasil publicado em 09/08/2019 de autoria de Tim McMillan e traduzido por Marina Schnoor


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