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O QUE TEORIAS DE CONSPIRAÇÃO FAZEM COM NOSSA MENTE?

Tradução de artigo do Mymag.com
Com comentários deste blog em vermelho.


As teorias de conspiração estão a nossa volta. As vezes elas são relativamente inofensivas (afinal preocupações sobre alienígenas em Roswell não tem muito efeito sobre políticas públicas), mas as vezes elas não são tão inofensivas assim: por exemplo, cerca 37% dos americanos acreditam que as mudanças climáticas de origem antropogênica (causada pelo homem) é falsa, o que é especialmente desastroso para a capacidade dos EUA em contribuir significativamente na solução de um problema potencialmente catastrófico.

Este blog, apesar de reconhecer a importância de ações ecológicas para nosso bem estar no planeta e para a preservação da vida como um todo, entende que as mudanças climáticas tem mais a ver com variações periódicas da atividade solar e ciclos naturais do clima terrestre regidos por períodos longos de glaciação e curtos períodos de aquecimento.

De maneira geral há pesquisas que sugerem que aqueles que dão crédito para as teorias de conspiração são predispostos a apresentar uma redução em sua capacidade e comportamento social, engajamento civil e outras características associadas a ser "um bom cidadão". Há um novo estudo sobre diferenças de personalidade e individualidade que nos oferece algumas novas pistas dos mecanismos que levam a essa crença.

O autor deste novo estudo, o Dr. Sander van der Linden (pesquisador da Universidade de Princeton) recrutou 316 voluntários pela Amazon Mechanical Turk que foram divididos em três grupos de controle:


  1. O primeiro grupo assistiu ao trecho de um filme onde se argumenta que as preocupações sobre as mudanças climáticas são parte de uma conspiração global.
  2. O segundo grupo assistiu a um vídeo da ONU que argumenta sobre as ameaças que as mudanças climáticas representam.
  3. Já ao terceiro grupo foi pedido que resolvesse um "quebra-cabeças de palavras neutras", ou seja, sem nenhuma ligação com o tema.

Após assistir aos vídeos, foi solicitado aos participantes de cada um dos grupos de controle que estimassem o percentual de cientistas que acreditavam na realidade da mudança climática antropogênica para revelar a sua orientação política em uma escala liberal-conservador (para revelar o quanto eles acreditavam na possibilidade de que o aquecimento global possa ser falso) e também a responderem duas questões desenhadas especificamente para avaliar suas tendências de comportamento social:


  • O quanto você está inclinado a fazer alguma doação por caridade ou para alguma organização de caridade nos próximos 6 meses?
  • O quanto você está inclinado a ser voluntário com seu tempo em sua comunidade local ou  em uma organização de caridade nos próximos 6 meses?
Aos membros de cada grupo ainda foi perguntado se estariam dispostos a assinar uma petição online (real) em apoio a luta conta o aquecimento global.

De um modo geral, os resultados foram o que você poderia esperar: aqueles que viram o vídeo que defendia a falsidade das mudanças climáticas provocadas pelo ser humano relataram menos crença no aquecimento global e estavam menos dispostos a assinar a petição. Mas os pesquisadores também observaram um efeito sobre tendências de comportamento social. Eles escrevem o seguinte:

Além disso, o estudo constatou que expor brevemente o público a pensamentos conspiratórios sobre um problema específico pode até diminuir a atividade social em geral. Estes resultados são consistentes com outras pesquisas recentes que fazem alusão à noção de que a mera ideação sobre conspirações podem levar à rejeição da ciência e da diminuição da participação cívica.

Como dito antes, outros estudos apontam na mesma direção. Este artigo da Newsweek discorre bem sobre os danos causados pela crença em teorias de conspiração, sendo os mais destacados a diminuição da participação cívica e do engajamento cívico útil. O artigo também é baseado em um estudo com voluntários da Mechanical Turk, e a diminuição das interações sociais foram igualmente detectadas.

Mas além disso, quanto tempo esses efeitos negativos perduram?

Parte da problemática dos ex-viciados em teorias de conspiração é que eles acabam por procurar fontes semelhante de teorias de conspiração durante suas tentativas de abandonar tais ideias, o que causa um efeito bola-de-neve.

Assim, não importa quais os efeitos que as teorias de conspiração tenham sobre as pessoas: um estudo que demonstra que assistir a um vídeo é o bastante para mudar a opinião das pessoas quase que imediatamente conta apenas uma pequena parte da história. Que apenas 60 minutos depois de assistir ao vídeo os participantes regridam a níveis basais basais de interação social também nos diz algo interessante.

Há muitas coisas que ainda não sabemos sobre as teorias de conspiração.

Este blog entende que de fato há um mecanismo psicológico muito poderoso nas teorias de conspiração que parece atrair uma certa parcela dos seres humanos.

Porém descartá-las todas como fruto de mentes não-saudáveis é risível, para não dizer maquiavélico. e descaradamente frívolo. Dada a quantidade de conspirações reais que foram inicialmente tratadas como teorias antes de serem desmascaradas (normalmente por pessoas que os estudiosos acima classificariam como não sociáveis e não interessadas e atividades cívicas) não é minimamente aceitável tentar diminuir a aqueles que verdadeiramente buscam a elucidação da suspeita.

De fato basear-se apenas em achismos e sites de teoria de conspiração (como este aqui mesmo) leva a uma auto-enganamento e a equívocos, mas buscar se informar e tentar, dentro do possível, investigar suas suspeitas é o que faz a humanidade avançar. Tentar classificar esse comportamento apenas de maneira depreciativa é portanto improdutivo.

Fonte: http://nymag.com/scienceofus/2015/08/what-do-conspiracy-theories-do-to-us.html#

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