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A HISTÓRIA DE CONNOR O'RYAN

Nota deste blog:

Tomei conhecimento da história de Connor O'Ryan pela sempre ótima Alexandra Bruce e seu site
Forbidden Knowledge TV.


Essa história, de mais de 25 anos (ocorreu em 1991), me parece pouco conhecida do público brasileiro. Estranhamente não encontrei nenhum material a respeito em língua portuguesa.

Creio que tal desconhecimento seja porque esta história não está relacionado diretamente, mas sim indiretamente ao fenômeno OVNI e à mitologia da Área 51. Está mais ligado à forma com que as autoridades lidam e neutralizam possíveis conspiradores que desejam, de uma forma ou de outra, revelar informações e provas reais do fenômeno, e mais importante ainda, das práticas ilegais e anti-éticas que eles perpetram a fim de manter essa realidade oculta de toda a sociedade.

Esta é uma história estranha sobre como o núcleo mais profundo e obscuro da base militar norte-americana de Groom Lake, conhecida popularmente como Área 51, protege seus segredos. É o relato sobre a forma com que as autoridades constituídas nesta base aparentemente lidaram com um possível caso de tentativa de vazamento de informação por parte de um ex-integrante da equipe de segurança. Essa é a história desse ex-integrante  da segurança do S-4, que é o mesmo local citado no fantástico relato de Bob Lazar.

A seguir você lerá a livre tradução que fiz de um artigo do JAR - The Journal of Abduction-Encounter Research - uma publicação norte-americana destinada a pesquisa do fenômeno OVNI que existe até hoje e tem página no Facebook neste endereço - que investigava muitos aspectos obscuros não das informações fantásticas sobre testes com OVNIs e corpos de alienígenas que O'Ryan revelou  ter visto no local (que serão tema de algum artigo futuro deste blog) mas sim de sua motivação básica para delatar tudo, além da forma bizarra com que tudo ocorreu.




A história de Connor O'Ryan: Será possível que esse informante do S-4 realmente foi infectado com uma doença mortal pelo governo dos EUA? 

por Elaine Douglas
edouglass@preciscom.net

É fascinante me dar conta de que - apesar da história de Connor O'Ryan ser tão complexa e rica como é - o JAR não produziu nenhum artigo sobre ele a não ser para mencionar brevemente sobre sua "doença fatal". Como os leitores de meu artigo anterior devem ter percebido, existem inúmeras reivindicações da comunidade OVNI sobre o assassinato deliberado de investigadores e testemunhas mediante misteriosas doenças fulminantes ou por outros meios obscuros - os quais não serei capaz de relatar agora.

Essa história [de morte por doenças misteriosas] é bastante típica no meio ufológico, mas diferente das demais, essa não se trata de assassinato de membros inocentes da comunidade de pesquisa OVNI. Desta vez, a violência supostamente foi praticada contra um dos próprios agentes do sistema, um que que se sentiu culpado ao transitar pelo meio a áreas obscuras do governo norte-americano que tratavam do assunto OVNI.

A história O'Ryan, como perceberá ao final deste artigo, não elucida de forma alguma as questões que temos em mãos, mas nos oferece  um "insight". Ela nos dá uma boa ideia do tipo de abuso e violência que o governo norte-americano é capaz de perpetrar contra cidadãos que os Estados Unidos desejam eliminar - incluindo o assassinado por meio da inoculação de estranhas doenças fatais.

O leitor ainda verá que não está claro se Connor O'Ryan realmente foi inoculado com uma doença fatal como ação direta do  governo norte americano na tentativa de eliminá-lo. É até mesmo possível que O'Ryan tenha mentido sobre sua doença a fim de delatar tal método como um dos usados pelo governo para o qual trabalhava.

O que está claro, porém, é que O'Ryan realmente estava disposto a crer - ao menos inicialmente - que sua doença era real e fora inoculada propositadamente com a finalidade de matá-lo. E ele tinha essa crença pois já havia sido um assassino do governo, e tinha fortes motivos para se ver coo um alvo.

Após atuar por 11 anos nas Forças Especiais "comissionado à CIA", sejam lá quais tenham sido as experiencias que ele tenha acumulado neste ínterim, ele tinha de forma bastante clara a certeza de que o governo dos EUA era capaz, se necessário, de inocular cidadão norte-americano com doenças fatais a fim de eliminá-los. E isso é algo a se pensar.








Seu nome verdadeiro é Derek Hennessey

A história de Connor O'Ryan vem sendo exposta há muito tempo pelo ufólogo de longa data Wendelle Stevens [morto em 2010]. Wendelle foi um dos pioneiros em estudos ufológicos, e era tenente-coronel aposentado da USAF (força-aérea norte-americana). Segundo ele, o informante em questão usava o nome de Connor O'Ryan como pseudônimo, e era um fuzileiro naval dos EUA que alegava ter atuado como segurança na instalação secreta das Forças Armadas no estado de Nevada conhecido como S-4. Wendelle disse ainda que o nome verdadeiro de O'Ryan era Derek Hennessey.

Wendelle Stevens
De acordo com Wendelle, O'Ryan entrou em contato com ele em outubro de 1991 dizendo ter informações para delatar. Wendelle então o levou para sua casa, no estado do Arizona, e por  lá permaneceram juntos a alguns amigos de Wendelle por 6 semanas, ao findar das quais O'Ryan simplesmente desapareceu no mundo.

Informante do S-4

O S-4, local onde O'Ryan alegou ter trabalhado, é uma instalação associada à base secreta de  Groom Lake da Força Aérea Norte-Americana, e é parte do complexo da Área 51 que fica ao norte da cidade de Las Vegas, que por sua vez, crê-se ser o local onde a tecnologia de espaçonaves extraterrestres vem sendo analisadas há décadas, sofrendo retro-engenharia por inúmeros especialistas. No mesmo lugar, de acordo com outro informante chamado Bob Lazar, em 1989 ele próprio trabalhou com a análise de artefatos alienígenas.

Este mês todas as informações em posse de Wendelle Stevens sobre este caso foram lançadas na forma de um documentário produzido por Rick Keefe no YouTube [link ao final desse artigo]. O documentário, que é muito bom e longo, inclui entrevistas em vídeo com O'Ryan, Wendelle Stevens, Jim Dilettoso, Bob Dean, e outros, além da apresentação dos documentos relacionados ao caso e outros segmentos sobre focados apenas no S-4.

Na entrevista gravada em vídeo e mostrada ao longo do documentário, O'Ryan revelou que durante os nove meses em que trabalhou como segurança no S-4 (entre os anos de 1990-1991) ele viu espaçonaves alienígenas em formato de disco e corpos de alienígenas em armazenamento criogênico, além de ter testemunhado uma visita à instalação pelo então secretário de defesa Dick Cheney (que anos mais tarde se tornaria o vice-presidente de George W. Bush).

O'Ryan revelou que se sentiu cada vez mais desconfortável com sua missão no S-4, e que após algum tempo identificou mais 3 colegas que estavam se sentindo da mesma maneira. Estes quatro homens então conseguiram contrabandear para dentro da instalação uma pequena câmera com a qual tiraram diversas fotos que planejavam revelar ao público de alguma forma. O'Ryan alegou que as imagens foram copiadas algumas vezes, e seus conjuntos foram escondidos separadamente em cinco esconderijos diferentes.

Durante esses acontecimentos, O'Ryan disse que os médicos que trabalhavam no S-4 lhe disseram em um exame médico que ele havia desenvolvido uma forma fatal da doença de Hodgkin, e que ele seria afastado do trabalho por motivo médico. Os quatro conspiradores se reuniram então e decidiram que O'Ryan seria o encarregado de entregar as imagens a alguém do lado de fora. Quando O'Ryan finalmente contatou Wendelle, disse que estava afastado do serviço há várias semanas, e que durante esse tempo todo esteve evitando ser pego.

Comissionado à CIA

O'Ryan estava com 29 anos na ocasião da entrevista, de acordo com Wendelle, que o identificou como "um fuzileiro naval, um Black Seal da marinha Norte-Americana e um Delta 6, que são os sentinelas do S-4". O'Ryan havia sido designado para as "Forças Especiais, operações especiais e inteligência" por oito ou nove anos antes a 1991. E de fato o documentário no YouTube apresenta um formulário do tipo W-2 indicando que O'Ryan detinha a patente de sargento e foi "comissionado à CIA".

Mas o fato é que essa terminologia significava apenas uma coisa: O'Ryan era, na prática, um assassino a mando do governo. Uma de suas tarefas principais era eliminar pessoas sob ordem do governo dos EUA. De acordo com Wendelle, O'Ryan revelou já ter matado 18 pessoas, incluindo cidadãos norte-americanos - pessoas que O'Ryan descreveu como "inimigos do governo dos EUA".

Estes assassinatos foram ordenados periodicamente desde que O'Ryan se juntou às Forças Especiais dos fuzileiros navais em 1980. Segundo ele, o último assassinato ocorreu enquanto já estava trabalhando na S-4. Imediatamente antes de sua alocação no S-4, O'Ryan disse que estava em "dever submarino".

Aparentemente, O'Ryan encontrava suas ordens para assassinato debaixo de seu travesseiro, e após cumprir com a "missão especial" ele retornava para suas atividades normais, sejam elas quais fossem na ocasião, não importando se era "dever submarino" ou atuar como segurança no S-4.

Seis semanas com Wendelle

Os eventos que se desenrolaram nas seis semanas após o contato inicial de O'Ryan com Steven foram complicados e serão relatados, mais ou menos em ordem cronológica:

Gem Cox

  • Em outubro de 1991 Wendelle Stevens é contatado por Connor O'Ryan, que diz a Wendelle  que existem discos voadores e corpos de alienígenas no S-4.
  • Wendelle permite a O'Ryan ficar em sua casa, no Arizona, e os dois começam a diálogar. Wendelle descobre que o homem é um assassino do governo e que em sua última "missão especial" O'Ryan matou um companheiro, um sargento das Forças Especiais, na Hungria. 
  • O'Ryan fala a Wendelle sobre a câmera contrabandeada, sobre as imagens obtidas com ela e sobre seu estado de saúde. Conta ainda sobre os outros três cúmplices que tinha no S-4 e como ele escolheu Wendelle Stevens para ser a pessoa externa com quem se encontraria para expor o caso.
  • O'Ryan afirma que foram feitas ao todo cinco cópias das fotos e que elas foram escondidas em diferentes esconderijos. Os cúmplices de O'Ryan no S-4 acreditavam que estas imagens serviriam como uma apólice de seguro que iria garantir suas próprias sobrevivências no caso da descoberta de suas atividades por seus superiores.
  • O'Ryan não demonstra ter certeza se realmente é portador de uma doença mortal, mas ele suspeita fortemente que foi infectado, de alguma forma, com a doença por seus superiores por "saber demais" depois de ter assassinado 18 pessoas.
  • O'Ryan diz ter enviado um pacote com cópias das imagens a Wendelle, mas quando eles foram buscá-lo, descobriram que o pacote não havia chegado.

Bilhetes ameaçadores

Jim Dilettoso

  • Após O'Ryan estar por dois dias na casa de Wendelle, eles começam a receber bilhetes escritos a mão em tom ameaçador, insistindo para que O'Ryan "volte para casa" junto ao grupo Delta 6. Estes bilhetes continuaram a ser entregues ao longo das seis semanas seguintes, e um dos bilhetes incluía um dedo humano decepado.
  • O'Ryan e Wendelle concluíram que seus próprios colegas das Forças Especiais, o grupo Delta 6 lotado no S-4, estavam atrás dele. Eles passaram a acreditar, porém, que O'Ryan não seria pego até que todos as fotos estivessem nas mãos do governo.
  • Wendelle torna-se apreensivo, e O'Ryan é então transferido para a casa de Jim Dilettoso no Arizona, um dos colegas mais próximos de Wendelle. Gem Cox, neto de Wendelle, de quem O'Ryan tornou-se próximo, acompanha O'Ryan. Enquanto na casa de Dilettoso, o grupo percebe duas invasões à propriedade.
  • O tom ameaçador nas cartas se intensifica; O'Ryan é chamado de "traidor" e é informado que uma ordem de "terminação" foi emitida contra ele. De alguma forma O'Ryan arranjou então um encontro com o seu "tutor" na CIA em um aeroporto. Depois disso, o comportamento de O'Ryan tornou-se errático. Depois do dedo descepado chegar a sua casa, Dilettoso pediu a Cox e a O'Ryan para saírem de lá.
  • Eles fizeram então uma viajem para a Flórida com a finalidade de recuperar uma das cópias das fotos que estavam escondidas. Um associado de Wendelle, uma mulher chamada Omnec Onec foi com eles. Os esforços para recuperar as fotos foram inúteis, e então Gem e Omnec retornaram para o Arizona, sem O'Ryan, que retornou para a casa de Wendelle por conta própria, mas permaneceu por lá apenas por pouco tempo. Após a partida definitiva de O'Ryan, Wendelle nunca mais viu ou ouviu falar dele novamente.
  • Sobre as fotografias, nenhuma delas jamais caiu nas mãos de Wendelle.

Fontes para este caso

As fontes da informação sobre este caso não são as ideais, tão pouco a que desejamos. O leitor vai notar aqui o uso frequente do termo "de acordo com Wendelle." Wendelle é entrevistado extensivamente no documentário de Rick Keefe no YouTube, assim como O'Ryan e Dilettoso. No entanto, Gem Cox está ausente do documentário, e a mulher que acompanhou Cox e O'Ryan até a Flórida, Omnec Onec, também não dá as caras.

Quanto à entrevista de O'Ryan, ela gira em torno de suas descrições do S-4. Algumas outras informações nas quais temos interesse são citadas, incluindo seu trabalho como assassino do governo e as circunstâncias de sua alegada doença mortal, mas tais dados não são atestados e nem totalmente confirmados por O'Ryan em vídeo. Ao invés disso, é Wendelle Stevens que nos conta mais sobre estes assuntos.

Muito do que Wendelle fala é informação derivada das conversas entre ele, O'Ryan, Cox e Dilettoso durante aquelas seis semanas, conversas que nunca foram gravadas, mas que são recordadas por Stevens e Dilettoso.

Dilettoso parece ter mantido certa distância de O'Ryan ao tê-lo abrigado em sua propriedade mas não dentro de sua casa [o manteve num bangalô em sua propriedade]. Dilettoso, que é engenheiro de computação e analista de imagens de OVNIs de longa, relata o que se lembra no documentário do YouTube, mas a maioria do que se sabe baseia-se nas lembranças e depoimentos de Wendelle Stevens apenas.

Além disso, vários documentos são mostrados neste documentário de Keefe, incluindo vários dos bilhetes ameaçadores e a suposta ordem para o assassinato do militar na Hungria, em papel timbrado da CIA. Os leitores desejarão assistir ao excelente documentário de Keefe para ter uma ampla compreensão do caso.

A credibilidade de Wendelle Stevens

Wendelle Stevens manteve a história de O'Ryan em segredo por mais de 18 anos, embora tenha liberado partes dela em 1998 e em 2001. Ele a manteve em segredo, segundo ele, pois estava preocupado com a possibilidade de que os eventos com O'Ryan fossem algum tipo de armadilha preparada contra ele pelo governo norte-americano a fim de comprometer sua credibilidade e possivelmente incriminá-lo de algo. Também estava preocupado com a segurança de O'Ryan. Agora, devido a sua idade avançada e os apelos de colegas, ele liberou a história completa, segundo me foi informado.

Minha opinião a respeito de Wendelle Stevens leva em conta sua idade avançada (86 anos), o tempo que ele manteve essa história em segredo, seu envolvimento com estudos ufológicos que se iniciaram na década de 1960 e sua carreira militar dedicada ao país, além de muitos amigos leais que ele mantém na comunidade ufológica.

Baseado nisso, creio que o relato de Steven é real. É difícil imaginar que ele deixaria uma farsa como legado final após mais de 50 anos trabalhando com pesquisa ufológica. Há, obviamente, algumas discrepâncias em seu relato, mas isso é compreensível tendo em vista o tempo decorrido (18 anos) até sua revelação.

"... uma doença maldita"

O'Ryan disse que os médicos do S-4 lhe contaram em seu exame médico que ele havia desenvolvido uma forma fatal da doença de Hodgkin. Mas ele de fato estava mortalmente doente? E se estava, ela havia sido propositalmente inoculada a mando de seus superiores no S-4 como uma forma de assassinato?

Um dos maiores problemas com esta hipótese é que a alegada doença de O'Ryan (Hodgkin) não é fatal. A doença de Hodgkin é um tipo de câncer no sistema linfático, e apesar de ser relativamente grave, é altamente curável. Além disso, O'Ryan alegou não ter nenhum sintoma e sentir-se perfeitamente bem.

Eis o que O'Ryan diz sobre sua doença em certo trecho de sua entrevista no documentário: "No meu último exame médico, me informaram que eu desenvolvi uma forma da doença de Hodgkin. Para ser perfeitamente honesto, eu não sei se isso é verdade".  Em outro momento ele complementa: "Ainda estou verificando isso". Ele também disse: "Eu fui afastado por razões médicas, sou incapaz de desempenhar minhas funções". Além disso, disse: "Tornou-se uma obsessão para mim descobrir  os segredos da Área 51 e do S-4 porque eu temia por minha segurança. Eu não queria terminar com alguma doença maldita".

Em uma entrevista que fiz com Wendelle, ele me contou o seguinte a respeito desse assunto. Minhas perguntas estão marcadas em itálico e negrito:

Wendelle: Eu tentei levá-lo a um médico, mas ele não queria ir. Ele me disse: "Eu não quero saber sobre isso. Eu não quero ficar pensando sobre a minha morte todos os dias. Se eu realmente tenho isso, eu vou morrer quando tiver que morrer. Se eu não a tenho, eles mentiram para mim". Ele disse que se sentia perfeitamente saudável... e sua conclusão foi a de que, se ele tinha uma doença, ela havia sido provocada por seus superiores no S-4. E ele decidiu derrubar todo o castelo de cartas antes de morrer.

Você acha que isso é o que o levou a se tornar um renegado?

Wendelle: Sim, porque ele tinha US$300.000,00 no banco e ele iria morrer antes que pudesse gastá-lo.

Qual foi a doença que ele lhe disse ter?

Wendelle: A doença de Hodgkin, mas ela não se desenvolveria tão rapidamente a menos que fosse de uma forma especialmente nociva, do tipo usado pelas agências de inteligência.

Ele disse se já havia matado alguém com uma doença?

Wendelle: Não, ele não. Ele usava uma pistola.

Dilettoso confirma

O'Ryan chegou a falar com outras pessoas além de Wendelle sobre suas suspeitas a respeito de portar uma doença mortal e sobre como podia tê-la desenvolvido. Uma dessas pessoas foi Jim Dilettoso.

"Eu me lembro" disse-me Jim em um e-mail, "de várias generalidades que O'Ryan comentou na ocasião,  inclusive sobre sua preocupação a respeito de ter desenvolvido uma doença fatal (ou que a desenvolveria no futuro). Sua preocupação era a de que sua associada feminina [sua namorada] também tivesse desenvolvido uma doença fatal, e sua crença de que doenças fatais eram secretamente injetadas em alvos humanos que, não fosse assim, seriam assassinados por métodos convencionais.

Por "injetada", Jim queria dizer realmente uma injeção médica? Sim, ele queria. Jim também confirmou que O'Ryan alegou ser um assassino do governo.

Sobre a "associada feminina [namorada]" mencionada no e-mail de Jim, soube que O'Ryan não tinha uma namorada, mas que um de seus três colegas conspiradores no S-4 tinha, e O'Ryan a conhecia. Talvez ele se referia a esta mulher.

"Missão especial" significa assassinato

No vídeo, O'Ryan diz muito pouco sobre sua atuação como assassino do governo. Ele se referia a elas apenas como "missões especiais". Em uma entrevista, Wendelle me disse o seguinte:

Wendelle: O'Ryan disse que ele era um dos executores das Forças Especiais, que são usados pelo governo para realizar "missões especiais". Eu lhe perguntei: "Isso não é crime?". E ele me respondeu: "Claro que não! Não é assassinato. É o que estamos treinados para fazer - remover os inimigos do governo americano", e ele completou dizendo "Quando há um traidor ou espião, ou alguém no governo que precisa ser removido por conhecer segredos que não podem ser vazados em um tribunal, nós cuidamos dele". Ele tinha uma tatuagem em seu bíceps esquerdo com um ponto para cada "missão especial", e eu entendi que uma "missão especial" é uma execução a mando do governo. Ele tinha 18 marcas.

Quer dizer, como entalhes em um cinto?

Wendelle: Sim.

O homem de Budapeste que ele supostamente matou era um cidadão americano?

Wendelle: Sim, uma boina verde do exército americano, um Sargento.

Por que ele foi assassinado?

Wendelle: Eles não disseram a O'Ryan. Eles só lhe disseram que devia eliminar um homem cujo nome estava atribuído à Embaixada em Budapeste, e lhe deram a ficha do alvo, com informações como fotos em perfil frontal/lateral e suas impressões digitais, onde vivia, mapas do seu local de trabalho, da escola onde seus filhos estudavam, supermercados que frequentava, essas coisas.

Ele desapareceu no meio da multidão

Wendelle: O'Ryan disse que recebeu roupas húngaras, sapatos e boné, além de uma arma com munição húngara, e foi então colocado com outros membros das Forças Especiais locados no país. Eles receberam as chaves de um apartamento alugado com seus nomes húngaros na cidade de Budapeste, e ficaram por lá durante um dia planejando a operação. Dois dias depois, ele executou o alvo saindo de um supermercado com os braços cheios de compras, na frente de seus dois filhos adolescentes que estavam no carro, e então desapareceu em meio a multidão, voltando para a embaixada, vestindo suas próprias roupas, sendo levado imediatamente ao aeroporto por um carro da embaixada e entrando em um avião para deixar o país.

Alguma vez você tentou confirmar se esse homem havia mesmo sido assassinado, independentemente do que O'Ryan lhe disse?
Wendelle: Não, eu não chequei. Deixei que outras pessoas checassem porque eu sabia que, se eu começasse a me intrometer, eu ficaria muito próximo do assunto. [Nota do autor: Esta declaração reflete a preocupação de Wendelle quanto a possibilidade do episódio O'Ryan ser uma armadilha destinada a comprometer sua credibilidade ou incriminá-lo].

As pessoas entendem que, se eles se tornam assassinos...

Wendelle: Espere um minuto. Eles não se consideram assassinos. O'Ryan me disse: "A nossa formação é para remover os inimigos do governo dos EUA, e aquele cara foi caracterizado como um inimigo". Ele disse: "Nós não questionamos nossos superiores. Ele era um espião e teve que ser eliminado. Não podíamos nos dar ao luxo de levá-lo a um julgamento".

Parece que a mente de O'Ryan estava dividida. Por um lado, ele ainda defendia o que ele havia feito.

Wendelle: Ah sim! Ele não acreditava ter feito nada de errado quanto a seu trabalho nas Forças Especiais. Ele era tão patriótico que, quando viu a bandeira americana ser hasteada no mastro, ele chorou!

Então, ele ainda mantinha essas ideias, mesmo depois de se tornar um renegado.

Wendelle: Sim, ele defendia esta posição. Ele disse: "Há traidores que têm segredos que o governo não pode se dar ao luxo de expor em um julgamento, e eles têm que ser eliminados antes que eles possam revelar tais segredos. Esse é o nosso trabalho".

No entanto, ele estava fugindo.

Wendelle: Sim. Ele acreditava que estava marcado para ser eliminado.

Uma profunda vulnerabilidade

Então, ele se considerava uma pessoa perigosa para o governo? Ele considerava sua própria execução como justificada?
Wendelle: Bem, sobre isso ele disse, "eu provavelmente sei de muita coisa depois de cometer 18 assassinatos".

Então, ele esteve muito perto de justificar seu próprio assassinato?

Wendelle: Sim. Ele acreditava que haviam lhe informado sobre sua doença porque ele vinha se sentindo vulnerável nas suas duas últimas missões de assassinato, onde eliminou membros de outras tropas das Forças Especiais. Ele tinha a sensação de que eles foram eliminados por saber demais.

Quer dizer que ele começou a suspeitar que ele e seus alvos não eram tão diferentes?

Wendelle: Sim.

E ele quase confirma isso quando diz "eu posso entender por que eles precisam me eliminar".

Wendelle: Ok, correto.

Então, por que ele simplesmente não se sacrifica? Ele não iria tão longe...

Wendelle: Ele tinha US$ 300.000,00 no banco e não queria morrer sem usufruir daquilo. Expliquei-lhe o seguinte: "Quando eles depositam seus bônus no banco, se você morre eles apenas resgatam o valor". E então ele me disse: "Eu sei disso, mas eu não quero que fique com eles, aquele é meu dinheiro".

Ele tinha algum herdeiro? Ele era casado?

Wendelle: Não. Ele era órfão, havia sido criado por pais adotivos dos quais ele não era mais próximo.

Então ele não tinha filhos?

Wendelle: Não. Essa é a forma [a falta de laços] como estes agentes são selecionados pelo governo. Isso é o que os qualifica.

Por que você acha que eles não o pegaram antes que ele chegasse até você?

Wendelle: Eles poderiam tê-lo capturado a qualquer momento, e enviaram atrás dele sua própria turma. Ele era membro do Delta 6, uma equipe Seal locada na Área 51 - enviaram sua antiga equipe atrás dele! Mas eles sabiam que não podiam levá-lo, sabiam que não podiam fazer nada contra ele até terem recuperado todas as fotos. Eles descobriram que ele tinha feito seis cópias das fotos e colocado-as em cinco locais diferentes, e sabiam que tinham que encontrá-las antes de matá-lo.

Invasão Ninja 1

Como dito anteriormente, houve pelo menos duas invasões "secretas" na propriedade de Dilettoso durante aquelas seis semanas. Wendelle conta a história da primeira invasão como ele soube por seu neto, Gem Cox, que estava no local.

Gem e Connor estavam dormindo em um bangalô na propriedade de Dilettoso. No meio da noite, Gem acordou e percebeu que havia um homem ao lado de sua cama apontando uma AK-47 para sua cabeça. O homem estava todo vestido de preto, com uma espécie de roupa ninja, inclusive com botas características. Gem olhou sutilmente pra o recinto e viu outro homem vestido de forma idêntica ao lado da cama de Connor, com sua arma apontada para ele. Connor não acordou e, aparentemente, o homem que estava apontando a arma a Gem não percebeu que ele havia acordado.

Gem também viu um terceiro homem, vestindo um terno de negócio, fazendo uma busca do recinto. Depois de observar isso, Gem perdeu a consciência. Quando Gem e Connor acordaram na manhã seguinte, era muito tarde, muito tempo depois do que normalmente se levantavam.

De acordo com Wendelle, O'Ryan lhe disse que pessoas que trabalham para o governo invadem as casas das pessoas durante a noite utilizando um gás que injetam no quarto pelas frestas das janelas. O gás torna os habitantes inconscientes por cerca de 30 minutos.



Acima, o 09ª bilhete que O'Ryan recebeu."Ghostwalker 1" é o nome de código de O'Ryan. T.W.E.P. significa "Terminated With Extreme Prejudice" [Morto com gravidade]. O significado do termo "programa de tubo de ensaio" é desconhecido. Um triângulo apontando para cima significa "tudo está bem", apontando para baixo significa o oposto. "Malakie" refere-se a um assassinato em que um helicóptero é sabotado a fim de matar todos a bordo junto com o alvo (ver JAR página 25).

Invasão Ninja 2

Uma segunda invasão ocorreu em novembro na propriedade de Dilettoso, um ou dois dias depois de O'Ryan, Gem e Omnec Onec terem-na deixado. Como Dilettoso relatou no documentário de Keefe, ele acordou no  meio da noite a noite quando as luzes exteriores de sua residência, ativadas por sensores de movimento, se ligaram.


imagens ninja meramente ilustrativas
Jim chamou a polícia, e então desligou todas as luzes e espiou pela janela para ver o que acontecia. "Eu vi alguém em frente a minha casa, a poucos metros de mim. Ele usava uma roupa de ninja, toda preta, com capuz e máscara". Jim então começou a acender e desligar repetidamente a luz a fim de assustar o intruso.

Quando a polícia chegou, foram encontradas pegadas com a forma de botas ninja. Jim tinha irrigado seu gramado naquela ocasião, e o invasor havia pisado na grama molhada e deixado diversas pegadas úmidas ao correr pelo pavimento seco. "As pegadas parecia como uma meia de um dedo só, como uma bota ninja, o que para mim combina com a roupa que a pessoa estava usando" disse Dilettoso.

O que tirou O'Ryan dos trilhos?

Vamos considerar as origens do que ocorreu com O'Ryan. Originalmente, afirmo, O'Ryan não planejava deixar os militares. As Forças Especiais eram seu lar . Ele era patriótico ao ponto de chorar ao ver a bandeira americana sendo hasteada. Ele tinha fracos laços familiares que o ligavam a uma vida civil. De acordo com Wendelle, O'Ryan foi abandonado por sua mãe quando era uma criança e foi criado por uma família de acolhimento da qual ele "não era próximo". Quanto aos assassinatos, O'Ryan afirmou que eles não o incomodavam. Eram simplesmente seu "trabalho".

Durante anos, portanto, O'Ryan não sentiu sentiu nenhum tipo de conflito eu desconforto com seu trabalho nas Forças Especiais. De acordo com Wendelle, ele estava planejando permanecer nas forças armadas e "fazer uma carreira". Mas algo de muito errado aconteceu.

Talvez ele tenha tido que cometer muitos assassinatos, incluindo o de homens muito parecidos com ele próprio, homens como o jovem sargento das Forças Especiais que ele alega ter matado na Hungria em 1991. O'Ryan disse que cometeu 18 assassinatos num período de 10 anos. Isso é 1,8 assassinatos  por ano. Então, a cada seis meses mais ou menos, O'Ryan tinha que matar alguém.

Não obstante, foi o trabalho no S-4 que parece tê-lo levado a suas ações. Ser um segurança no S-4 era chato, e a segurança era draconiana, mas não era apenas isso. Aparentemente a vulnerabilidade que ele sentiu ao conhecer a natureza profunda do segredo que ele estava guardando foi que o desestabilizou.

"Eu já havia cumprido nove anos de serviço em operações secretas com uma equipe Seal" disse ele O'Ryan no documentário, "de modo que eu acho que eles tinham confiança de que eu manteria minha boca fechada, que é exatamente o que eu teria feito. Eu não quero ser o cara a soar o sinos, mas isso vai muito além de meras operações secretas".

O'Ryan disse que levou cerca de duas semanas no início de sua missão no S-4 para começar a entender o que estava acontecendo por lá. Mas, aparentemente, depois que descobriu, aquilo o abalou. Quem sabe não apenas o que descobriu no S-4, mas todo o resto das coisas que ele fazia em sua vida tenham finalmente abalado-o.

Eles tiraram fotos

O'Ryan acabou por encontrar outras três pessoas dentro do S-4 que estavam igualmente abaladas e que não podiam mais guardar segredo sobre aquilo. Eles inseriram no complexo uma pequena câmera e tiraram fotos do lugar. Quando exatamente isso foi descoberto pela chefia do S-4, não se sabe. No entanto, uma maneira de olhar os acontecimentos é supor que os eventos são os melhor explicados assumindo que a existência das fotos foi descoberta depois que as fotos foram copiadas e escondidas pelos delatores.

O que o governo deveria fazer? Neutralizar os 4 imediatamente teria sido uma opção, mas como encontrariam as fotos escondidas? Eles decidem então contar uma mentira a O'Ryan dizendo que ele estava morrendo e depois o liberam para que ele possa levá-los inadvertidamente até o local das fotos? Isso explicaria tudo?

"Você tem uma doença fatal"

Não sabemos as circunstâncias exatas com que O'Ryan deixou os militares. Na entrevista mostrada no documentário, O'Ryan diz: "Fui afastado por razões médicas, eu sou incapaz de desempenhar minhas funções".

De acordo com Wendelle, "poucos dias após ter seu sangue recolhido em seu exame médico ele foi convocado e informado de que tinha uma doença fatal que o mataria em duas ou três semanas. Eles o estavam estavam liberando então, para ir para casa e por em ordem seus assuntos particulares antes de sua morte".

No entanto, em outra parte do vídeo, O'Ryan diz: "Eles iam me realocar de volta na Marinha comum, mas eu não queria isso porque eu sempre fui parte de uma equipe Seal. Então eles me prometeram que eu receberia assistência médica, mas, em privado, conversei com os meus colegas [conspiradores] na instalação, e decidimos que, como eu estava neste tipo de situação [morrendo]... iriamos tentar levar essa história a público".

A partir dessa hipótese inconsistente, não podemos dizer de quem foi a decisão do afastamento de O'Ryan. O cenário em que ele foi informado sobre sua "doença fatal"  e que tinha "apenas duas semanas de vida" não correspondem a prática médica normal. Normalmente, os médicos não declaram qualquer doença como "terminal". Eles normalmente dizem que você está doente e que começarão um tratamento.

Nas ruas

Se O'Ryan realmente tinha uma doença e ela foi adquirida de forma "natural", ele devia ter sido transferido para um hospital militar. O fato deste procedimento não ter sido adotado com ele é o principal motivo do porque eu acredito que eles mentiram a ele quando lhe informaram a respeito dela. Outra razão seria a de que ele simplesmente não estava doente. Sob todos os aspectos ele parecia em perfeita saúde, e uma pessoa que tem apenas duas semanas de vida não pode estar tão bem assim.

Alternativamente, O'Ryan poderia ter sua transferência a um hospital impossibilitada caso o governo pretendesse realmente assassiná-lo por meio dela. Mas, neste caso, porque eles se dariam ao trabalho de lhe contar sobre ela?

Está subentendido em seus relatos que foi o próprio O'Ryan quem tomou a decisão de se afastar do serviço militar. Talvez lhe tenha sido dado a opção de se transferir para a marinha comum recebendo cuidados médicos, ou então pedir exoneração e "ir para casa para cuidar de seus assuntos particulares". Se realmente foi isso o que aconteceu, me parece que tudo foi premeditado.

Não posso acreditar que os superiores de O'Ryan o teriam colocado nas ruas a menos que eles tivessem em mente algo muito diferente do que lhe contaram. Ele tinha 29 anos de idade, tinha vivido uma vida adulta totalmente dedicada às Forças Especiais, tinha pouco ou nenhum laço familiar, contava com 18 assassinatos em seu currículo, sabia que ia morrer e estava a par do maior segredo militar da história, que o governo sabia que ele estava disposto a vazar. Não, eles não iriam simplesmente colocá-lo livre nas ruas, a não ser por como um movimento calculado. Aparentemente, o governo queria O'Ryan nas ruas.

Há ainda algo de suspeito com essa doença, que alegaram ser a de Hodgkin. Hodgkin não é um simples resfriado, mas é altamente curável. É como se eles estivessem dizendo a ele: "Se você é inteligente o bastante, vai perceber que há algo de errado por trás da notícia que estamos te contando, mas não achamos que você seja tão inteligente assim". Ou, mais precisamente, "achamos que você vai estar muito desesperado para pensar direito a respeito dessa informação".

E com certeza, embora ninguém com quem eu tenha falado saiba o que O'Ryan fez nas semanas entre sua dispensa e o momento em que telefonou a Wendelle, a única coisa que sabemos que ele não fez foi ir a um médico civil para descobrir se ele estava realmente doente. E quando ele chegou à casa de Wendelle, ele recusou-se a ver um médico.

"... chegávamos no máximo até 7."

Além disso, algumas "técnicas" foram usadas contra O'Ryan (e aparentemente contra todos os outros seguranças no S-4). Refiro-me aos momentos em que O'Ryan disse ter desmaiado durante seus exames médicos ou durante seu trabalho como segurança. "Nós íamos a uma sala e eles nos colocavam uma agulha intravenosa, injetando algo em nós. Eles diziam para contarmos até 10, mas chegávamos no máximo até 7. Acordávamos 50 minutos mais tarde, com uma tremenda dor de cabeça".

Com certeza, Connor pode ter sido manipulado por meio de hipnose a fim de "escolher" o que faria ao saber sobre a doença. "Você escolherá pelo afastamento imediatamente" podem tê-lo sugestionado.

Mas o problema principal são as fotos escondidas. Devia ser fácil para os responsáveis do S-4 obterem as localizações dos esconderijos usando técnicas de interrogatório baseadas em drogas e hipnose. Na verdade. seria bem mais simples. Eles não teriam a necessidade de perseguir O'Ryan por todo o país como acabaram fazendo. Assim, a história de que o governo lhe deu uma doença fatal a fim de assassiná-lo não parece fazer sentido. Então, por que O'Ryan contou essa história? Os acontecimentos sugerem fortemente que o governo estava ciente de sua conspiração e que, para desestabilizá-lo, decidiram afastá-lo e colocá-lo na rua.

O cerco se estreita

Como a situação era interpretada aos olhos de O'Ryan? Ele não tinha nenhuma evidência ou suspeita de que seus superiores no S-4 estavam cientes de suas atividades. Ele não tinha porque se questionar a respeito daquilo já que até mesmo seus companheiros ainda estavam desempenhando suas atividades normalmente no S-4, sem terem sido questionados a respeito de nada.

Tudo o que aconteceu foi que, subitamente, O'Ryan teve a notícia de que era um doente terminal e isso é a única coisa profundamente suspeita que ocorreu. Ele tinha a certeza de que a doença não havia surgido de forma natural e que o governo o estava eliminando. Como ele não havia sido acusado de espionagem, tudo o que ele podia imaginar é que estava sendo eliminado devido aos 18 assassinatos que já havia cometido.

Não parece que O'Ryan tenha cogitado, ao menos inicialmente, que seus superiores no S-4 podiam estar mentindo a respeito da doença. Provavelmente isso lhe ocorreu apenas mais tarde, algumas semanas depois da notícia, ao perceber que continuava vivo.

Ao invés disso, O'Ryan estava pronto para crer que o governo o havia infectado com uma doença fatal. Então, surge a pergunta: aconteceu alguma coisa com O'Ryan durante as semanas que antecederam seu contato com Wendelle ao perceber que não havia morridos e nem ficado doente?

Wendelle deu duas respostas diferentes sobre isso. "Eu lhe perguntei se O'Ryan havia participado de alguma operação onde alguém havia sido inoculado com uma uma doença fatal, e ele me respondeu que não, que ele havia usado uma pistola" ele me disse.

Já no documentário Keefe, elee diz algo diferente: "O'Ryan sabia que eles usavam estirpes virulentas de câncer e outras doenças [com a finalidade de assassinato] pois havia se envolvido em algumas operações nesse sentido".

Na parte sobre os acidentes, ele se refere a alegação de que O'Ryan sabia de assassinatos por meio de sabotagem de helicópteros e ônibus a fim de  eliminar alvos e, no processo, matar inúmeros inocentes. Um dos bilhetes enviados pelo Delta-6 refere-se a um assassinato por sabotagem de helicóptero, e um artigo de jornal sobre um suposto "acidente" é mostrado. Mas não percebi nenhum sinal de que O'Ryan soubesse de qualquer coisa ligada a assassinatos por meio de doenças fatais, exceto a declaração que fez para Dilettoso sobre "injeções".

Portanto, se O'Ryan acreditava na possibilidade de ser assassinado com o uso de uma doença fatal, seja por ter conhecimento em primeira mão dessa prática de seus superiores, seja por simplesmente entender que era algo possível, eu não sei.

Também deve-se notar que Wendelle Stevens, que é a lente pela qual observamos este caso, acredita fervorosamente que a inteligência dos EUA faz uso constante de assassinatos pela inoculação de doenças fatais, e ele sempre irá elaborar sua argumentação nesse sentido, citando diversos casos que segundo sua crença comprovam tal hipótese. Se você lhe disser que a Doença de Hodgkin não é uma doença fatal, ele lhe dirá que o governo projetou em laboratório uma variante letal que pode ser inoculada em seus alvos.

Não foi devido aos assassinatos

O'Ryan termina então na casa de Wendelle, e naquele ponto haviam realmente duas perguntas a serem feitas. Ele realmente tinha uma doença fatal? E por que lhe foi permitido se afastar?

Como pude notar, devia haver algo a mais no afastamento de O'Ryan já que ele não morreu e nem mesmo ficou debilitado nas semanas seguintes ao receber a notícia.

Além disso, 30 minutos depois de ligar para Wendelle, O'Ryan teve sua conta no banco bloqueada, o que obrigou Wendelle a lhe enviar dinheiro para a passagem de ônibus. O'Ryan também pensou que estava sob vigilância na estação de ônibus, e essa é a razão dele ter enviado cópias das fotos que estavam em seu poder pelos correios para Wendelle, e não tê-las levado pessoalmente.

Minha impressão é a de que ao chegar a Wendelle, O'Ryan ainda pensava que a origem de seus problemas eram os 18 assassinatos. Supondo isso, imaginava que as fotos ainda eram desconhecidas e que portanto seria seguro enviá-las dessa forma a fim de virem a público.

O medo que permeava tanto Wendelle quanto O'Ryan era o de que o S-4 seria, desde o início, a última missão atribuída a O'Ryan [que desde o início seria uma missão da qual ele não poderia sair com vida]. A ideia era a de que após seu 17º assassinato, O'Ryan "já sabia demais" para poder permanecer vivo. Ele já havia sido usado, então enviá-lo ao S-4, por mais que ele se aprofundasse em dados sensíveis, não importava já que ele estava marcado para morrer de qualquer jeito.
Rick Keefe

O cineasta Rick Keefe, autor do documentário, tem a mesma opinião obscura a respeito do trabalho de O'Ryan. "Você não sai desse tipo de emprego com vida", disse. "Eles matam seus assassinos de forma sequencial, eliminando os antigos para dar lugar aos novos. Fazem isso pois, uma vez que você já tenha visto o bastante para comprometer a liderança do sistema, você se torna um arquivo vivo e precisa ser eliminado", pensa ele. "Eles não deixam ninguém nos níveis inferiores sobreviver".

Foi esse tipo de raciocínio que aparentemente deixou O'Ryan tão inquieto depois que ele chegou ao S-4. "Tornou-se uma obsessão descobrir a respeito [da Área 51 e do S-4] porque eu temia pela minha segurança", disse ele. E assim, tomado por um sentimento de vulnerabilidade, O'Ryan perversamente começou a cavar sua própria cova.

"Nos falaram que, se violássemos a segurança da instalação (S-4), seriamos mortos", disse O'Ryan na fita. E então ele passou a fazer exatamente isso.

"Desesperado" é como Wendelle o descrevia. Após 18 anos examinando o caso sob todos os pontos de vista, Wendelle passou a acreditar que O'Ryan não era uma farsa e que não estava mentindo. Como Wendelle pode avaliar, O'Ryan estava sendo motivado por um senso de desgraça iminente.

Independente do que estava passando pela cabeça de O'Ryan durante sua viagem de ônibus até a casa de Wendelle, em um período de 48 horas ambos perceberam que a conspiração de O'Ryan e seus três amigos havia sido descoberta.

Uma pista que levou a isso foi que O'Ryan telefonou para a namorada de um dos seus 3 outros colegas conspiradores. A mulher disse que não tinha notícias de seu namorado e que "temia o pior." Outra pista foi o pacote com cópias das fotos que O'Ryan havia enviado para Wendelle antes de embarcar no ônibus, e que não havia chegado.

"Você é um traidor"

Uma outra pista, enorme, foram os bilhetes ameaçadores que começaram a chegar, escritas em terminologia usada pelas Forças Especiais, acusando O'Ryan de ser um "traidor". As cartas tinham símbolos que representavam diversos esconderijos das imagens, com algumas marcas de "x" indicando quais já haviam sido descobertos [e as fotos já recuperadas]. Esse tipo de coisa continuou acontecendo, elevando a tensão deles numa verdadeira guerra de nervos.

Em seguida, houve o incidente com o cartão de identificação do O'Ryan. O'Ryan tinha deixado o S-4 com o seu cartão de identificação, algo que não era permitido. Uma noite, na casa de Wendelle, ele enterrou o cartão no quintal antes do jantar e quando foi recuperá-lo mais tarde, o cartão havia desaparecido. Isso fez com que Wendelle e O'Ryan desconfiassem que o cartão possuía algum dispositivo de rastreamento, e que o governo sempre soube onde ele estava esse tempo todo. O'Ryan, em seguida, sugeriu que poderiam haver outros dispositivos de rastreamento, até mesmo dentro de seu próprio corpo.

Sem ter onde se esconder

Por que as pessoas atrás de O'Ryan pegaram o cartão? Isso o alertaria de que estava sendo seguido.

Tudo o que eu posso imaginar é que essa foi uma ação propositada, com o intuito de assustar O'Ryan ainda mais, intencionalmente deixando-o saber que todas as suas atividades eram de pleno conhecimento daqueles que o perseguiam. Enquanto isso, provavelmente, havia outro dispositivo de rastreamento implantado em seu corpo, ou eles jamais teriam sacrificado o cartão. Aquele era um verdadeiro jogo de gato e rato.

Mas eles nunca o capturaram. Até sua fuga bizarra ao fim dessa história, O'Ryan não foi preso, e a última vez que Wendelle o viu, ele ainda estava livre. Ele desapareceu da casa de Wendelle dirigindo um carro com uma mulher que ele havia conhecido na Flórida e a quem, aparentemente, ele convenceu a levá-lo de volta até a casa de Wendelle no Arizona.

Como o próprio Wendelle disse, "seus perseguidores podiam tê-lo pego a qualquer momento", mas não o pegaram.

Tortura teria funcionado

A ideia de que O'Ryan não foi pego devido as fotos escondidas não terem sido encontradas não se sustenta. O'Ryan insistiu que esse era o caso, e naquela ocasião Wendelle concordou também, mas essa é uma hipótese que não se sustenta. Tudo o governo tinha que fazer para extrair a informação seria interrogá-lo usando drogas e hipnotize, e se isso não desse certo,  torturá-lo (usando técnicas de afogamento controlado por exemplo). Seria antiquado, mas poderia funcionar.

Francamente? A única razão que posso conceber para toda essa história é a de que foi tudo uma encenação, um exercício de treinamento para as Forças Especial e, possivelmente, uma punição a Connor O'Ryan, assim como e um exemplo do que poderia ocorrer a qualquer pessoa dentro do grupo ou que tivesse conhecimento dele.

Mandando uma mensagem

Este seria um exemplo a todos os potenciais delatores dentro da estrutura do governo com acesso a dados secretos, uma mensagem da futilidade de suas pretensões, demonstrando como seria pura loucura tentar se rebelar e trair o aparato de segurança do governo dos EUA. Esta seria apenas uma exibição a todas estas pessoas, incluindo Wendelle Stevens, da implacável eficiência dos métodos e tecnologias que os EUA tinham à sua disposição para descobrir e neutralizar traidores.

Podemos ver então Connor O'Ryan como uma versão de 1991 do personagem Winston Smith no romance "1984". Depois que ele fosse finalmente preso e levado "para casa", podemos imaginar seus captores lhe dizendo: "Oh, vamos lá Connor, você realmente não acreditava que você e seus três amigos iriam se safar com esse plano ridículo de vocês, não é?".

O mais perto que chegaremos

Finalizando, o que podemos saber a respeito da suposta doença fatal?

Como deixei claro antes, não acredito que O'Ryan estava doente, o que significa que não temos aqui um exemplo de alguém sendo morto pelo governo dos EUA com o uso de uma doença fatal. O que temos aqui, aparentemente, é um caso de como o governo dos EUA ordena o assassinato de um cidadão americano, um sargento das Forças Especiais locado na Hungria. E também temos o caso de um delator, Connor O'Ryan, que sabia o bastante para crer facilmente que seria morto por meio de uma doença fatal provocada nele artificialmente por seus superiores no governo dos EUA. Este caso não comprova que os EUA de fato faz esse tipo de coisa, mas é o mais perto que provavelmente chegaremos algum dia.



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Esta foi uma livre tradução do artigo em http://www.ufohypotheses.com/ORyanByDouglass-fullview.htm - Feito com a ajuda do OCR http://www.onlineocr.net

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